segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Chororô & Desrazão

A expressão “progressista”, usada para designar de modo genérico forças políticas supostamente “avançadas” (em coordenadas cujo centro seria ocupado por algum socialismo), se cristalizou há tempos em nosso léxico político-partidário.

Mas é muito inadequada. “Progressista” seria o defensor do “progresso” (o que soa esdrúxulo na boca de qualquer ambientalista). Mas não no sentido do desenvolvimento econômico-industrial, que é como o povo a entende. E sim no do avanço político-social, que é como a centro-esquerda e a esquerda a empregam.

Aqui começam já umas confusões. O político de esquerda diz uma coisa e o povo ouve outra. “Progressista”, para as massas, é quem abre estradas, constrói pontes e túneis, implanta ou atrai unidades fabris. Mais para Andreazza e Maluf do que para Jango e Darcy, por exemplo.

Crying Infant Girl:
Como se não bastasse, vemos os próprios “progressistas” meterem os pés pelas mãos. Constato isso agora nas redes sociais, quando alguns “progressistas”, que também assumem posturas ecológicas, entram em campo para defender a civilização do petróleo e suas consequências ambientalmente catastróficas.

Mais precisamente, para defender o domínio nacional na exploração do pré-sal. E não vejo outro caminho senão perguntar: afinal, com que tipo de personagem estamos lidando? Com o militante progressista eco-petrolífero?

Ecologistas, em princípio, deveriam defender com unhas e dentes (ou de corpo e alma, se preferirem) a preservação e ampliação de uma matriz energética limpa no Brasil. E não o mergulho nacional na produção de petróleo. Na intensificação da geração de energia suja. No caminho dos crimes ambientais que comprometem a biosfera.

Ainda nas redes sociais, vejo “progressistas” repetindo “ipsis litteris” afirmações que condenavam com veemência há pouco tempo atrás. Aqui, refiro-me ao chororô generalizado com as derrotas eleitorais deste mês de outubro. Especialmente, a de Fernando Haddad em São Paulo.

Falam coisas absurdamente preconceituosas com relação a isso. De “brasileiro não sabe votar” a “o pior tipo de gente é pobre que vota em rico”, entre outras pedradas.

Fico me lembrando de que esta mesmíssima espécie progressista quis sacrificar Pelé em praça pública, algumas décadas atrás, pelo fato de ele ter dito, numa entrevista, que o povo não sabia votar.

E é justamente isso o que ouço agora na boca de seus adversários. Pelo visto, também para os “progressistas” a tal da “vontade do povo” só vale, só é soberana, se for a favor deles.

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