Num domingo, passeando pelo Bois de Boulogne, o Regente deparou-se com Voltaire. Cumprimentando-o, disse que daria a Monsieur Arouet a oportunidade de apreciar uma das mais bizarras vistas de Paris, que ele certamente não conhecia.
Logo vieram os soldados e levaram Voltaire para a prisão da Bastilha, onde ficou por quase um ano. Tinha liberdade para escrever, e lá completou a peça “Édipo”, de amplo sucesso na capital francesa por conta das alusões a tiranos, fidalgos e sacerdotes.
De volta, Voltaire escreveu que aceitava a oferta, mas apenas pela metade. Agradecia que o tesouro real cuidasse de sua alimentação, mas quanto à sua habitação, deixasse que ele mesmo cuidaria…
Nova ordem de prisão foi expedida, mas o Regente tratou de negociar: soltaria Voltaire se ele embarcasse imediatamente para a Inglaterra, o que aconteceu. Ficou proibido de frequentar Paris, o que só fez aos noventa anos de idade.
Esse episódio é pinçado da larga biografia do irreverente gênio da literatura francesa, a propósito das dificuldades que o nosso Regente, versão 2016, vem enfrentando. Seria melhor que oferecesse para seus desafetos uma visão de Brasília, tomada da Papuda. Depois, uma sinecura qualquer para que ninguém recomendasse dever livrar-se dos asnos que evoluem no Palácio do Planalto…
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