sábado, 20 de agosto de 2016

Lixo e esgoto na construção da imagem do Brasil

As Olimpíadas 2016 estão superando as expectativas de brasileiros irritados com as despesas do evento e de estrangeiros preocupados com a segurança das delegações: ações terroristas, violência no Rio de Janeiro, endemias e poluição da baía de Guanabara. A mídia explorou essas falhas, apostando no fracasso. As medidas adotadas têm sido, entretanto, eficazes, como a instalação de redes para que o lixo no mar não prejudicasse o iatismo. A abertura do dia 5, com o encantamento gerado por Gisele Bündchen e a mensagem política para o mundo, sinalizou que o país não daria vexame. Foi louvável também que tenha indicado como os brasileiros devem rever sua postura, reconhecendo que podem construir uma nação mais próspera em condições de salubridade. Isso deve começar com as propostas de candidatos a prefeito quanto à urgência do saneamento.

meio ambiente:
O BNDES está sugerindo o financiamento de programas para que esse serviço seja estendido a todos os brasileiros, mas acontecerá apenas se a população exigir que ele se torne preponderante na administração pública. Para isso, cada pessoa deve acatar também os princípios mínimos de preservação ambiental, especialmente dos corpos d’água, pois apenas com a parceria estreita entre Estado e cidadãos será estancado o processo de degradação de lagos, rios e córregos. O momento é, portanto, agora, pois os visitantes estão deslumbrados com as belezas sem fim do Rio de Janeiro, embora tenham sentido mal-estar com o lixo, o odor e as pichações em muitos pontos da cidade.

Isso aconteceu, certamente, com turistas que vieram a Belo Horizonte para assistir aos jogos de futebol e visitar o Conjunto Moderno da Pampulha que se tornou, recentemente, Patrimônio Cultural da Humanidade, diante da lagoa poluída e malcuidada. Sabemos que parte desse problema nasce do escoamento de esgoto doméstico para os córregos que formam a represa e do descarte de lixo por cidadãos sem compromisso com o ambiente. Tentativas oficiais para recuperar esse belo patrimônio público não terão sucesso sem a colaboração de todos.

Há cidades limpas em diferentes países que incorporaram a reciclagem dos detritos e o tratamento do esgoto para impedir seu despejo nos cursos d’água. Isso pode acontecer aqui se os brasileiros mudarem sua postura. Enquanto eles deixam um rastro de sujeira nos estádios, japoneses recolhem o lixo ao redor de seus assentos, mostrando como se responsabilizam por seu entorno, e não apenas pelo que vão descartar.

Recebemos, nos últimos dias, visitantes de mais de 200 países. Eles apreciaram os dias ensolarados, a alegria contagiante e as belas paisagens, além das competições de alto nível, sem maiores atropelos. Levariam impressão muito melhor se não tivessem visto tanta sujeira e depredação por onde passaram. Constataram, então, que os brasileiros são capazes de produzir um grande espetáculo, mas não sabem cuidar de seu cotidiano com a mesma eficiência.

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