domingo, 3 de julho de 2016

Não há pergunta sem resposta

A Polícia Federal escolheu o nome certo da mais recente operação batizada para caracterizar a nova caça aos ladrões: Septicemia. Significa infecção generalizada. Salvo engano, passaporte para o cemitério. A ação contra Carlinhos Cachoeira e sua quadrilha revela que se entrelaçam os diversos tipos de roubalheira e assalto aos cofres públicos. Marginais que recebiam mesadas no mensalão são os mesmos aquinhoados com propinas de empreiteiras distribuídas para celebrar contratos de aluguel de navios, superfaturamento de despesas, compra e venda de favores, recebimento de comissões, falsificação de documentos e mil outros expedientes destinados a enriquecer seus agentes e transformar os serviços públicos em atividades criminosas.

O prejuízo causado ao governo e ao estado nacional mal começa a identificar os meliantes em suas diversas demonstrações de roubalheira e logo se nota a participação dos mesmos bandidos em diversas atuações. Misturam-se. Avançam em todas as formas de falcatruas, num sistema de vasos comunicantes a ponto de confundir os investigadores.


Tome-se o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Está medido em todas. Desde desvios no FI-FGTS até superfaturamento de compras e recebimento de propinas para agilizar processos. Nada que diga respeito ao serviço público está livre de suas incursões. Sem falar na participação na distribuição de dinheiro para as campanhas eleitorais.

Três vezes denunciado ao Supremo Tribunal Federal, mil vezes denunciado como participante de crimes, até agora continua em liberdade e procurando manter seus poderes. Não demora e logo estará atrás das grades, mas persiste como se nada houvesse.

Indaga-se porque recebe tantas atenções e mesuras do poder, até do presidente Michel Temer, e a resposta só pode ser uma: sabe das coisas. Tem informações sobre a participação de meio mundo nas tramoias investigadas. Deve andar ameaçando quantos poderiam prejudicá-lo por saber demais a respeito deles. Quem quiser que conclua, mas não há pergunta sem resposta.

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