Enquanto lia a nota de obituário, logo depois de dar uma repassada na timeline da rede social, dei-me conta de que agora, no Brasil, estamos presos num igual fragmento de “história dentro da história”. Tipo assim: há milhões de pessoas desempregadas, desfalques trazidos à tona na maior operação judicial dos últimos tempos (dizem que poderá ser superada por outras), autoridades de diversos os partidos e em todas as esferas envolvidas, as contas da Nação deficitárias (apesar de só crescer o peso dos tributos), precários serviços públicos essenciais, desesperança generalizada e… “Catos” e “Clouseaus” combatendo um contra o outro, destruindo a casa e se ferindo porque… Por que razão, mesmo? Ah, porque é preciso estar atento – cada golpe sofrido pede um contragolpe de igual intensidade.
Alerta de spoiler: por força de enredo, Cato jamais atenderá aos apelos de trégua, mesmo quando a lógica manda focar na trama de fundo – o que vale é a luta. Triste também será o papel do Inspetor, incapaz de se dar por vencido: é protagonista. Porém, inacreditavelmente, esse patético pastelão não deixa de ter graça para quem vê de fora. Uma tragicomédia burlesca com direito a dedo no olho e mordida na bunda, ora convictos, ora dissimulando. Quem de nós será Burt? E Sellers? Ou, a pergunta de milhões na Suíça: quem escreve este roteiro?
Rubem Penz
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