O presidente em exercício parece que pretende moralizar a bagunça. Proibiu, por exemplo, despesas com compras de flores que a Dilma pretendia fazer recentemente para ser recepcionada pelos militantes petistas. É pouco, ou quase nada, mas já é um aceno à moralização. Temer precisa cortar na carne acabando com os cartões de seus principais auxiliares. Enquanto o país vive um momento de caos na economia, com 12 milhões de desempregados, a inflação ameaçando sair dos eixos, as contas públicas fora de controle e os preços dos alimentos nas alturas, ainda existem 11.510 cartões nas mãos de funcionários públicos que farreiam com o nosso dinheiro todo o dia.
O cartão corporativo já foi objeto de escândalo no governo do PT. Descobriu-se, à época, que ministros usavam-no até para comprar tapioca e fazer compras pessoais e íntimas como foi o caso de Orlando Silva, do Esporte. O escândalo ainda arrastou Matilde Ribeiro, da Igualdade Racial, e Altemir Gregolin, da Pesca. Mesmo assim, os cartões voltaram a financiar o luxo dos seus donos porque o PT virou a Casa da Mãe Joana.
Temer daria um bom exemplo se eliminasse a farra dos cartões e tornassem transparentes os gastos da presidência da república e de seus auxiliares diretos. O povo brasileiro precisa de demonstrações efetivas de que o governo (interino) está sendo vigilante com o seu dinheiro.
Em 2014, a Dilma e a sua equipe gastaram uma media de 24 mil reais por dia usando os cartões, incluindo aí os feriados e fins de semana, no ano em que a presidente passou pouco tempo no comando do país. A despesa foi declarada sigilosa. Ou seja: os gastos estão amparados por uma lei draconiana que só beneficia a quem dela se serve de forma sorrateira e esperta. Como está sob reserva, é difícil saber se o dinheiro está sendo usado em hospedagens, restaurantes, passagens aéreas e locais suspeitos como motéis e casas de massagens, proibidos por lei.
Outra medida que mostraria um governo preocupado com os gastos público seria a de acabar com as viagens dos jatinhos da FAB que cortam o país nos fins de semana levando a bordo ministros e assessores para seus estados. Uma despesa desnecessária já que existem aviões de carreira disponíveis a toda hora para qualquer lugar do Brasil. Aqueles que se envergonham ou temem ser hostilizados em aeroportos comerciais estão condenados a não exercer cargos públicos.
O fim dessas mordomias certamente levaria o brasileiro a acreditar que realmente o país está mudando para melhor. Certamente seria visto com um olhar diferente. Se nada for feito de forma a impedir a evasão do dinheiro do povo, mais cedo ou mais tarde a massa vai novamente às ruas cobrar as mudanças. E dessa vez, as consequências serão imprevisíveis.
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