De dezembro para cá, tem sido um verdadeiro espetáculo. Os digníssimos ministros nos surpreendem a cada momento. Primeiro, houve o julgamento do rito do impeachment, onde pontificou Luís Roberto Barroso, que manipulou as informações sobre a Lei do Impeachment e o Regimento da Câmara, depois inventou que o Senado tinha poderes para rejeitar (liminarmente e por maioria simples) a decisão da Câmara. e sete ministros acompanharam seu inusitado voto, totalmente à margem da lei.
Para lembrar a frase do pensador Lula da Silva, pode-se dizer que foi um vexame nunca visto antes na História da Suprema Corte brasileira. Depois, para se justificar, o ministro Barroso afirmou que seu voto tinha sido adulterado numa edição pirata, mas logo ficou provado que era mentira. Mesmo assim, prevaleceu o corporativismo, que alguns chamam de”espírito de corpo”, outros preferem classificar de “espírito de porco”.
Um mês depois, os ministros tiveram oportunidade de rever a decisão equivocada, mas preferiram apoiar o colega infrator e o julgamento acabou em 9 a 2. O ministro Edson Fachin mudou o voto anterior, apenas Gilmar Mendes e Dias Toffoli tiveram coragem de contestar Barroso e dizer que as leis existem para serem cumpridas.
Devido à criatividade indevida do Supremo, que conseguiu evitar o afastamento da presidente da República logo após a decisão da Câmara, conforme está expressamente previsto na Lei do Impeachment (Lei 1.079), surgiram dois presidentes-zumbis para assustar o povo brasileiro – Dilma Rousseff, aquela que foi, mas já era, e Michel Temer, aquele que não é, mais será.
Ainda não satisfeitos, os inventivos ministros do Supremo agora nos brindam como nova criação, ao afastarem o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, sem que seu mandato seja cassado. Com isso, criaram mais um presidente-zumbi, que vai passar algum tempo assombrando os longos corredores da Câmara, pois Cunha já era, mas estranhamente ainda é. Continua a ser deputado, pode frequentar seu gabinete na Câmara, o suplente não assume e la nave va, sempre fellinianamente.
Por tudo isso, é pena que a próxima Olimpíada ainda não tenha a disputa da suprema criatividade, porque certamente o Brasil poderia ganhar ouro, prata e bronze, tudo ao mesmo tempo.
PS – Já ia esquecendo: o Supremo conseguiu criar um quarto presidente-zumbi. Chama-se Waldir Maranhão, não se sabe quem é, ele julga que está comandando a Câmara, senta-se na cadeira do presidente, dá ordens, mas ninguém obedece. A situação é cada vez mais patética.
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