Se um país está evoluindo, se educando e se desenvolvendo, seria lógico supor a progressiva melhora do nível dos candidatos — e dos eleitores. Não no Brasil, onde a política virou meio de vida e se tornou a forma mais fácil de ascensão social. Bastam dinheiro, legal ou não, um bom marqueteiro e boas conexões com os caciques partidários. E comprar alianças e lotes de votos. Ou ter um programa de rádio. Uma igreja. Um time de futebol.
Imaginemos um jovem deputado, de origem humilde, honesto e bem intencionado, eleito por um estado pequeno, chegando à Câmara dos Deputados. Depois do deslumbramento inicial, ele acaba se adaptando ao jogo, e gostando. Com verbas para tudo, carro com motorista, 20 funcionários no gabinete, viagens, mulheres, colegas sugerindo vantagens e privilégios nas brechas da lei, ele passa a se sentir superior ao cidadão comum.
E surgem as primeiras oportunidades de negócio. Pedidos de ajuda, naturalmente remunerados. Favores a colegas, que logo serão retribuídos. É duro resistir às tentações, mas é preciso pensar na reeleição. O salário de R$ 33 mil já parece pouco, diante dos números que passa a ouvir no dia a dia. Até morder a primeira isca, dar o primeiro gole, que vai levá-lo aos alcoólicos públicos, de onde só sairá com a Polícia Federal.
O “Axioma de Ulysses” é provado pelo “Teorema de Cunha”:
Sendo certo que entre os novos deputados alguns vão se corromper, e que nenhum dos corruptos já estabelecidos vai se regenerar, matematicamente, a cada legislatura o Congresso vai piorar.
Como queríamos demonstrar.
Nelson Motta
Nenhum comentário:
Postar um comentário