São dias estranhos. Ou melhor, época estranha. A lama parece estar por toda parte. Notícias boas, desaparecendo. Provavelmente sumiram soterradas nos escombros de desabamentos, corrupção, noticiário policial e outras coisas ruins, novas ou antigas. Por todo lado, sobra confusão. Falta horizonte.
Otimismo extremo poderia sugerir que, com tanta crise, talvez existam oportunidades. Pessimismo não tão extremo indicaria que as coisas não têm mesmo jeito. A verdade parece estar em algum ponto entre estes opostos. O difícil tem sido chegar a conclusões razoáveis neste barulho todo.
Parte do problema parece ser que a razão parece ter desaparecido junto com as boas noticias. Encontra-se soterrada por argumentos falaciosos, baseados em paradoxos falsos e dilemas inexistentes. Soterrado por discursos complicados, sem sentido, travestidos de argumentos jurídicos opacos, mas sem sentido.
O interessante é que não existe muita duvida sobre os fatos ou a culpa. Ninguém nega mais nada. Ninguém contexto os fatos. Ninguém nem mesmo pede desculpas. Ou se arrepende de qualquer coisa. Tudo o que se lê, se ouve e se fala diz respeito exclusivamente a conveniência e a oportunidade de punição de pessoas que, já sabemos, são, de fato, culpadas.
Não deixa de fascinar a simplicidade dos argumentos. Todos dizem que, embora não haja duvida em relação aos atos praticados e a responsabilidade por eles, punir não é justificado porque sempre foi assim no passado. A punição seria, portanto, não somente inconveniente, mas desnecessária e inútil. Tudo sempre foi e será assim.
Estranha logica. Assume que estamos condenados a reproduzir, sempre em escala e prejuízos crescente, os erros do passado. Não teríamos, portanto, o direito e muito menos a capacidade de melhorar. Nosso caminho natural seria simplesmente projetar no futuro um passado do qual não nos orgulharmos. Ignora a nossa sede de mudança e o desejo por um futuro melhor. O distinto público discorda. Quer melhorias.
A resistência da população em aceitar a repetição do passado como destino inevitável, combinada com a vontade de evitar a punição a qualquer custo preocupa os pecadores. Por isso, recorrem a falsos dilemas. Impossibilitados de melhorar a estatura de suas ações, tentam rebaixar o teto das ideias. Argumentam que a punição não é adequada porque todo mundo faz.
Talvez seja até verdade que as praticas ilegais sejam generalizadas. O problema é que a frequência dos delitos não torna menor a culpa. Más companhias não melhoram o caráter e muito menos reduzem a gravidade das ações. Apenas provam que o país tem muito que fazer.
Em triste espetáculo, querem que o distinto público abrace como destino a reprodução de erros passados perdoando pecadores atuais com o simples argumentos que o numero de pecadores é muito grande. Pedem que aceitemos viver em uma republica de bananas.
Só existe uma resposta possível. Banana para eles!
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