Coitadinho do Brasil! Foi tomado por algum mosquito que além de dengue, chicungunha, zika, febre amarela, mexe com a sanidade mental de quem deveria ser firme e claro em suas decisões e posturas.
Reparem bem: no Judiciário, ou sendo mais clara, no STF, numa sessão comédia para debater o pedido do PCdoB, discute-se de tudo, inclusive a possível adoção da latitude das capitais dos Estados como padrão para o chamamento dos deputados que votarão pelo impeachment, ou não, de dona Dilma.
Será que a Câmara vai ter que contratar um geógrafo para atestar as coordenadas geográficas da capital do Estado natural do deputado? Sei não, mas não vejo como isso poderá alterar a votação. Será que nossos deputados são tão despreparados assim? Vão ser influenciados, no dia da votação, pelos sujeitos que votam antes deles?
Fico assistindo com certo receio: daqui a pouco vão pedir que se leve em conta o peso físico de cada deputado. Por exemplo, um gordo, um magro, um gordo, e assim por diante. Ou altos e baixos, sei lá, qualquer coisa que os distinga.
Uma perguntinha básica: por que não adotar a votação individual, por ordem alfabética? Por que simplificar, se podemos complicar?
Enquanto isso, no Legislativo, uma confusão dos diabos: afinal, aguardando a decisão do STF, os pobres deputados ficarão sem saber como deverá ser a votação. E vão dormir, nesta véspera de um dia muito importante, talvez sem saber se vão votar de acordo com a latitude da capital de seus Estados, ou de acordo com seu peso, ou de acordo com sua altura, ou de acordo com sua idade...
Gente, o Brasil está parado, literalmente parado e agora vai ficar à espera de decisões sobre questões tão miúdas assim?
Já no Executivo, além do eterno palanque de dona Dilma e sua verborragia agressiva, houve ontem uma curiosa entrevista do ministro polivalente Jacques Wagner.
Ao ser perguntado pelo entrevistador, Roberto D’Ávila, se a presidente Dilma governava com o fígado, respondeu que não se tratava disso, ela apenas é muito difícil de ser convencida de qualquer coisa que se afaste de seus rígidos princípios, muito ética.
Bonitas palavras, não acham? Vamos confessar, são palavras que poderiam descrever Abrãao Lincoln!
Pena que o ministro carioca-baiano tenha confundido teimosia e orgulho com ética!
Será que foi ética a ida de dona Dilma, em avião da presidência, a São Bernardo do Campo, para uma visita de desagravo ao ex-presidente, por ele ter sido levado a depor diante da PF?
Será que foi ético o envio de um termo de posse para o Lula, termo esse para ser usado como salvo-conduto pelo ex-presidente, caso a PF voltasse a bater em sua porta?
Será que tem sido ético o palanque que ela armou no Palácio do Planalto, lotado de mortadelas e salaminhos, para ouvir a veemente defesa que ela faz de seu mandato? Nessas reuniões absolutamente destemperadas, alguma vez se ouviu a presidente fazer um mea culpa de sua campanha que foi, isso sim, uma farsa, uma traição aos eleitores?
Será ético esse desprezo pela Imprensa, quando ela não dá entrevistas coletivas, mas sim convida só dez jornalistas, numa inexplicável escolha pessoal, para ouvi-la?
Ética?
Volto ao Judiciário: finalmente, uma decisão. A maioria do STF manteve o critério da Câmara para a votação do impeachment. Cansados, os ministros fazem uma pausa. No retorno, se bem compreendi, o que é duvidoso, resolverão qual vai ser a ordem dos Estados. Se por latitude, data da fundação, sei lá.
Como um bom roteiro de filme de suspense, o que vão decidir, na volta da sessão, ficará para sabermos amanhã. O que, desculpem, penso que pouca diferença fará...
De qualquer forma, não posso encerrar sem louvar a Deus: seja como for, ainda há juízes em Brasília!
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