Em seguida, para driblar o risco de perder a sua, entregou a cabeça de Dirceu, o mais poderoso ministro do governo.
Na semana passada, a cabeça de Lula surgiu no radar do juiz Sérgio Moro. Pouco antes de interrogar Dirceu, preso e acusado de receber propinas de lobistas envolvidos com a roubalheira na Petrobras, Moro autorizara uma nova operação da Polícia Federal, desta vez para apurar a abertura de empresas off shores e contas no exterior destinadas a ocultar crimes de corrupção.
E Lula com isso?
Era uma vez uma cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, controlada pelo PT, que se aventurou a construir prédios de apartamentos. Não demorou a quebrar.
A pedido de Lula, então presidente da República, a construtora OAS, metida até o talo no saque à Petrobras, assumiu a construção do Condomínio Solaris na praia do Guarujá, em São Paulo.
Quem tem ou tinha ali um apartamento?
Lula citou o apartamento do Guarujá na sua declaração de bens de 2006. Dali a quatro anos, a Presidência da República confirmou que ele era, de fato, proprietário do tríplex 164-A do Condomínio Solaris.
Em dezembro de 2014, o Instituto Lula informou que Marisa Letícia, mulher de Lula, era quem possuía “uma cota do empreendimento”. Em agosto do ano passado, a assessoria de Lula revelou que era ele o dono da cota.
Com 297 m² e vista para o mar, avaliado, a preço de hoje, entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,8 milhão, o tríplex está em nome da OAS. Reformá-lo por encomenda de Lula custou à construtora quase R$ 800 mil. E mais R$ 400 mil com mobília e eletrodomésticos.
Tudo foi acompanhado de perto por Lula e Marisa Letícia, que visitaram a obra várias vezes. Só que...
Só que Moro quer saber se o tríplex não foi o meio encontrado pela OAS para, digamos, retribuir favores prestados a ela por Lula quando governava.
Só que para escapar da encrenca, Lula passou a dizer agora que o apartamento jamais foi dele. Marisa Letícia é que teria comprado uma cota do condomínio por R$ 47 mil. Depois, desistiu do negócio e recebeu seu dinheiro de volta.
Ainda sujeita a retoques ou a mudanças bruscas de direção, fica assim a mais recente versão dos Silva para o que aconteceu com o tríplex 164-A: a OAS desembolsou porque quis cerca de R$ 1,2 milhão para reformar e equipar um apartamento que poderia vir a interessar ao casal Lula.
Marisa Letícia chegou a receber as chaves do imóvel e a participar de reunião de condomínio. Aí pensou melhor e renunciou à compra.
Não foi só a OAS que mimou os Silva.
O clã tem um sítio em Atibaia, interior de São Paulo, com 173 mil m², o equivalente a 24 campos de futebol. Registrado em nome de dois sócios de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, o sítio foi reformado pela Odebrecht que gastou, ali, meio milhão de reais.
Moro quer saber se a gentileza feita pela construtora nada tem a ver com o que ela faturou na Petrobras.
Dirceu confessou a Moro o que o advogado dele chamou de “pecados”. Para não confessar os seus, Lula é capaz de entregar a mulher e os filhos à Justiça.
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