Imagino que as surras que vêm recebendo incessantemente estejam provocando nela enxaquecas capazes de levá-la para um leito de hospital, tornando-a impaciente até mesmo com os alegres burburinhos de seu neto, que, no primeiro mandato, eram símbolos de uma Dilma humanizada, mulher e avó, em contraponto à imagem de uma presidente enérgica e truculenta que vendia.
Com a reprovação de suas contas por parte dos ministros do TCU pelo elástico placar de 8 a 0, a moral da presidente atinge a lona. Dilma está mais para um espírito vagante no epicentro de um umbral interminável, onde as penitências que lhe são impostas são as consequências das mentiras que contou para se reeleger e de inconsequentes práticas que tentavam manter a aparência de um país que há tempos está quebrado.
A votação do TCU está longe de ser o pavio que será acesso para a explosão do barril de pólvora em que se transformou o quarto governo consecutivo do Partido dos Trabalhadores, mas a resposta ao autoritarismo estrábico do Palácio do Planalto, que tentou tirar do páreo o relator do TCU, atingiu o fígado de Dilma.
Erros atrás de erros vão retirando o pouco fôlego de quem já não consegue mais encontrar oxigênio na população, na base aliada, no Congresso, no TCU e, daqui a pouco, no STF.
Porém, por mais que comemorem oposição e inimigos de Dilma, a fraqueza do governo e as derrotas que lhe são impostas diuturnamente também enfraquecem o Brasil e os brasileiros, sobretudo os mais pobres. A vida está difícil, com impostos em escalada, queda no poder de compra, inflação, juros altos, baixa produção, desemprego e instabilidade social.
O sentimento de que a Justiça está funcionando no país e de que as instituições estão fortalecidas é a salvaguarda diante do cataclismo político e social destes tempos de mau agouro. Precisamos, urgentemente, sair dessa. Ainda há de se cogitar que o melhor para Dilma e para o Brasil seja uma renúncia programada, em que a presidente possa negociar as reformas importantes em troca de uma saída honrada e, sobretudo, estadista.
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