Angiolo Tomasi (Itália, 1858-1923) |
Eles são, na verdade, nossas maiores vozes do modernismo e do pós-modernismo; suas produções são enciclopédicas, suas visões irônicas e incisivas, suas análises imparciais e escrupulosas, seus estilos experimentais e cristalinos. Se o objetivo final da literatura é chegar à universalidade e uma espécie de onisciência divina, expatriação — a fuga da mesquinhez, das frustrantes irritações — pode ser o fator que mais contribui para isso.
O expatriado é o artista que constrói a si mesmo, até na escolha da língua em que vai se expressar, como Conrad, Beckett, Kundera e Nabokov mostram. … É possível na expatriação, sair das limitações em que se nasce e exercitar uma visão de estrangeiro desapegado. O expatriado húngaro, checo ou polonês de outra época, ou o iugoslavo, o bengalês, o argelino ou o palestino expatriado de hoje, pede só para que a cultura anfitriã o deixe manter o âmago estrangeiro sem comprometimento nem capitulação. Assim, o acordo é feito: eu serei um residente modelo em troca da sua tolerância e indiferença. Não atacarei os defeitos fundamentais da sua sociedade, com o mesmo zelo com que analisarei meu próprio povo. Imaginarei uma nova pátria construída em terra recuperada.
Bharati Mukherjee (Tradução e edição Ladyce West)
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