terça-feira, 9 de junho de 2015

Ajuste inibe investimentos na sobrecarregada área de saúde

Sem dinheiro, prefeitos preveem diminuir investimento em novos equipamentos públicos

Apontada pela população como o pior problema do país em diversas pesquisas, a área da saúde, vítima de um financiamento já insuficiente, pode sofrer uma piora com efeitos a longo prazo no atual cenário de crise política. Aliada ao ajuste fiscal do Governo federal, a diminuição na arrecadação local já tem levado gestores municipais, os principais responsáveis pela atenção básica (como pronto-socorro, posto de saúde e Samu), a repensarem os investimentos em novos equipamentos já planejados, assim como vem acontecendo na área da educação.

No final do mês passado, o Governo federal anunciou que o país terá quase 70 bilhões de reais a menos do que o programado neste ano para investir, 11,77 bilhões de reais deles na saúde. Apesar de garantir que programas essenciais como a atenção básica, a vacinação obrigatória e o programa Mais Médicos não serão afetados, já é possível saber que é menor a previsão de gastos gerais com programas e ações de saúde (o que, de fato, é aplicado em atendimento de saúde; exclui, por exemplo, itens como investimento em saneamento básico feito com verba do ministério).

Enquanto em 2014 a verba do órgão para esses programas e ações foi de 92,2 bilhões de reais, neste ano ela deverá ser de 91,5 bilhões. O ministério diz, no entanto, que o valor, que foi reduzido pelo ajuste fiscal, pode aumentar no decorrer do ano. A maior parte dessa verba é transferida para Estados e municípios, que fazem a maior parte do atendimento da população.

“O primeiro sintoma desse processo é a resistência de muitos gestores em fazer qualquer investimento. Investimento de hoje significa a ampliação dos gastos no futuro”, explica Fernando Monti, secretário municipal da Saúde de Bauru (interior de São Paulo) e presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). “Se a construção de uma unidade de saúde custa 5 milhões de reais, o município vai ter que gastar mais 5 milhões de reais por ano para conseguir mantê-la”, exemplifica.

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