Os governantes de todos os Estados brasileiros, exceto aqueles que disputaram a própria reeleição, estão ocupados em justificar a inércia de suas administrações, já na entrada do terceiro mês de seus governos, com as mais diversificadas explicações. Alega a maioria deles que seus antecessores deixaram propostos orçamentos não exequíveis, que encontraram caixas vazios, quadros de pessoal inchados, empenhos cancelados, além de amplo leque de mutretas políticas e administrativas destinadas a dificultar as novas gestões. Disso muito é ou poderia ser verdadeiro. O que não é aceitável são as desculpas, quando já entramos no mês de março.
Todos os governadores hoje no poder sabiam com precisão matemática o que iriam encontrar quando chegassem à cadeira que hoje ocupam. Todos. Nem poderia ser diferente porque as campanhas que os levaram aos palácios foram estruturadas na crítica aos modelos, nas medidas e nas opções dos governos sucedidos. Houve em todos eles uma mensagem de renovação, de mudança e de transformação que o eleitor pedia e apoiou nas urnas, com seu voto.
Diferentemente disso, o que se sente em todo país, e Minas infelizmente não é uma exceção, é um paradeiro incômodo, uma falta absoluta de perspectivas, um achatamento brutal de toda esperança de que se serviram os novos governantes para convocar seus eleitores a assistirem a geração de um novo momento.
Dizerem que não há dinheiro para nada, sobretudo para investir em projetos estruturantes e transformadores, é uma incúria e frustra a expectativa que o eleitor lhes confiou com seu voto. Recursos já não existiam, e todos sabiam disso. Esperava-se que tivessem imaginação, prestígio para buscar tais recursos onde estivessem e melhor pudessem ser alcançados. Não se esperava desculpas.
O Brasil está parado e não é apenas por falta de recursos públicos. É por falta de credibilidade, de propostas sérias, de coragem para enfrentar a indigência de caráter de nossas lideranças políticas que hoje formam os Legislativos – municipais, estaduais e em Brasília. Que fazem as câmaras Municipais, as assembleias legislativas e o Congresso Nacional a não ser discutirem se aproveitam ou não das concessões mais espúrias, de verbas disponibilizadas para custear suas fantasias, das passagens aéreas para suas esposas, ou suas amantes, ou seus assessores de nada? Para que um vereador de qualquer cidade brasileira; um deputado de qualquer assembleia legislativa de todo Brasil, qualquer deputado federal ou senador precisa de tanto assessor, de tantas regalias, de tanta verba?
Estamos carentes de trabalho, de programas, de políticos que saibam tirar o país desse buraco que eles mesmos – uns com sua inércia, muitos com sua corrupção, todos com seu desinteresse – colocaram. Ao trabalho, senhores! O Carnaval já passou.
Luiz Tito
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