Não há dúvida de que a Petrobras já foi alvo de larápios em
governos anteriores, mas nenhum deles, além do próprio bolso, intentava
apossar-se da República.
Em tese, roubar um fusca ou um BMW enquadra o infrator no
mesmo dispositivo do Código Penal. Roubo é roubo, não importa a quantia. Do
ponto de vista moral, não há dúvida. Mas, como indica a lei processual, há
agravantes e atenuantes em qualquer espécie de delito: o que o move, a
premeditação, os meios etc.
No caso específico das denúncias em curso na Petrobrás e
adjacências – Eletrobrás e PAC, por exemplo -, o que se conhece e o que se
vislumbra até aqui remetem ao quesito agravante. Não se trata de mero roubo,
que se pratica para enriquecimento próprio.
Os sinais de que se estabeleceu uma operação sistêmica, com
o objetivo de financiar partidos políticos – e, nesses termos, um projeto de
poder –, vai muito além do que seria mais um caso de corrupção. Agride o
próprio sistema democrático e a República.
E um crime contra a República, convenhamos, é bem mais grave
que roubar um fusca ou mesmo um BMW – ou ambos. Nesse caso, o remédio é
simples: prende-se o ladrão, recupera-se o produto do roubo e ponto final. Tudo
começa e acaba numa delegacia de polícia. No caso, porém, do que ocorre na
Petrobras, não basta recuperar o que foi roubado e enquadrar os operadores.
É preciso desmontar a engrenagem da qual eles eram apenas
peças e responsabilizar os que a moviam e beneficiavam-se de seus propósitos
políticos. Aí, o caso extrapola o âmbito das delegacias de polícia e
necessariamente ascende ao das instituições.
Não importa se a presidente da República e seu antecessor
embolsaram ou não algum centavo. Ainda que não – e lhes cabe o benefício da
dúvida -, são os contemplados políticos do produto do crime. Que sabiam do que
lá se passava só não crê quem não quer.
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