E isso é trágico, porque quanto mais se fala de sustentabilidade, menos genuína ela parece. O ecológico deixou de ser uma causa e passou a ser uma estratégia.
As empresas não querem mudar o mundo, querem parecer que estão a mudar o mundo. E o “verde” deixou de ser um compromisso para se tornar um produto.
Falo disto com consciência, porque vivo dentro deste tema todos os dias. Trabalho na indústria da madeira para construção, onde a palavra sustentabilidade não é um conceito — é uma realidade física. A verdadeira força da madeira está na sua sustentabilidade natural — a capacidade de guardar o carbono que o betão e o aço libertam para a atmosfera.
Mas mesmo com as características naturais do produto, há sempre pontos a melhorar, como na extração, na transformação e no transporte. Prefiro ser honesto: fazemos o melhor possível, e ainda há muito por fazer. Porque a sustentabilidade que interessa não é a perfeita, é a autêntica.
Quando se faz uma campanha com uma árvore no logótipo e um parágrafo sobre “respeito pelo planeta”, isso não é sustentabilidade, é teatro. E é precisamente por isso que me custa ver o termo ser esvaziado até à exaustão.
O que devia ser uma missão tornou-se um argumento de marketing. O que devia ser consciência virou tendência. E o que devia unir-nos enquanto sociedade passou a dividir-nos entre os que “parecem” e os que “fazem”.
É por isso que digo, sem hesitar: o futuro não é verde — é humano.
O futuro será feito de autenticidade, de coerência, de coragem para fazer diferente. De marcas que percebem que ser sustentável não é plantar árvores — é mudar mentalidades.
Porque no fim, o planeta não precisa que o salvem — precisa que o respeitem. E quando percebermos isso, talvez deixemos de usar a natureza como cenário e passemos a tratá-la como aquilo que realmente é: a nossa casa.

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