No dia 30 de outubro, em Seul, teve lugar uma nomeação verdadeiramente histórica, quando a Assembleia Geral da WEA (World Evangelical Aliance) empossou o Rev. Botrus Mansour como novo secretário-geral da instituição que representa 650 milhões de cristãos em todo o mundo, confiando-lhe assim a liderança de uma comunhão global de alianças nacionais. Juntamente com ele, foi nomeado um novo Conselho Internacional.
Sendo uma das maiores comunidades de fé do mundo, a Aliança Evangélica Mundial inclui 161 alianças nacionais de 161 nações em todo o mundo, procura defender a liberdade religiosa, promover a unidade entre os evangélicos e difundir a mensagem do Evangelho em todo o mundo. A Assembleia Geral juntou 850 delegados de 124 países e ainda 4.000 pastores coreanos.
Segundo a WEA, “a nomeação do Rev. Mansour marca a conclusão culminante da Assembleia Geral da WEA, que durou uma semana e transformou Seul num centro global de unidade evangélica. A liderança anunciou uma nova fase de fortalecimento da voz coletiva e da participação das alianças membros, com o objetivo final de moldar o testemunho evangélico global.”
Mansour dirige a Escola Baptista de Nazaré desde 2004, a única escola evangélica reconhecida pelo Ministério da Educação de Israel, que funciona desde o jardim de infância até ao ensino médio.
Decerto que no processo de eleição foi considerada a vasta experiência de liderança do Rev. Mansour naquela região do mundo, a qual incluiu a presidência tanto da Convenção das Igrejas Evangélicas em Israel como da Aliança das Convenções Evangélicas na Jordânia e na Terra Santa.
Esta nomeação ocorre numa fase muito crítica para os cristãos do Médio Oriente, tendo em vista a guerra de Israel em Gaza, os ataques recorrentes dos colonos judeus ao povo palestiniano na Cisjordânia e o bloqueio político israelita ao princípio dos dois estados, mas também reflecte, por outro lado, o compromisso da Aliança Evangélica Mundial com o seu propósito de fazer repercutir ao mais alto nível uma representação global.
No discurso de posse, o Rev. Mansour declarou: “É algo profundo que, neste momento, um cristão palestiniano de Israel tenha sido convidado a servir como Secretário-Geral. Especialmente neste momento, quando há um cessar-fogo que, espero, se mantenha na nossa região após mais de dois anos de guerra, presto homenagem ao meu povo e ao meu país.”
A visão da WEA, que o Rev. Mansour partilha, é ver “o mundo inteiro alcançado pelo Evangelho até 2033”, marcando dois mil anos desde a ressurreição de Jesus Cristo, mas na base da unidade e na prática do discipulado.
Os estudos indicam que o cristianismo evangélico é hoje essencialmente um movimento do Sul Global, dada a transumância da fé cristã do hemisfério norte para o sul, visto que, atualmente, 70% dos evangélicos do mundo – e que são centenas de milhões de pessoas – se localizam em África, na Ásia e na América Latina.
Para isso tem contribuído de forma decisiva o avanço do secularismo na Europa, em particular depois da segunda guerra mundial, mas também as mudanças sócio-religiosas verificadas na América do Norte durante as últimas décadas.
A transição de liderança na Aliança Evangélica Mundial também inclui a posse do Rev. Dr. Godfrey Yogarajah, CEO da Aliança Evangélica Cristã Nacional do Sri Lanka e Presidente da Aliança Evangélica da Ásia, como novo Presidente. O Dr. Yogarajah afirmou: “Somos administradores de um grande legado e de uma missão global”.
O movimento evangélico mexe-se e surpreende. A Aliança Evangélica Mundial acabou de eleger um palestiniano como secretário-geral, um asiático como presidente e promete trabalhar em força na evangelização, com os olhos postos em 2033, que é já ali.

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