segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Bogotá, um exemplo de desenvolvimento urbano para o mundo?

Após uma década, o Dia Mundial das Cidades retornou à América Latina. A capital colombiana foi escolhida pelas Nações Unidas (ONU) para sediar o evento mais importante para a reflexão sobre o futuro do urbanismo.

“É muito importante que a América Latina, por meio do que faz em suas cidades, possa se projetar para o mundo e aproveitar isso para um diálogo intercultural produtivo e fraterno, mas que também traga resultados concretos em termos de recursos, ideias e transformações”, disse Elkin Velásquez, diretor regional para a América Latina e o Caribe do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).

Além da visibilidade internacional que pode facilitar a cooperação entre cidades da região e de outros continentes, como Europa, África e Ásia, Velásquez destaca outros benefícios de sediar o evento. "Há um reconhecimento global do que Bogotá, Colômbia e América Latina estão fazendo", afirma, bem como valiosas lições aprendidas, "porque o Dia Mundial das Cidades reúne experiências concretas em um local específico."

Para Vanessa Velasco, Secretária de Habitat de Bogotá, "este evento representou uma oportunidade para o mundo olhar para Bogotá e reconhecer as transformações que estão ocorrendo na cidade em múltiplas frentes", apontando o desenvolvimento urbano e a habitação como os motores da mudança.

O evento também serviu como ponto de encontro para o setor público, o setor privado, o setor bancário e os cidadãos, onde alianças puderam ser forjadas e "a possibilidade de explorar mecanismos de financiamento alternativos e inovadores que promovam esse desenvolvimento" foi analisada, disse Velasco.

Bogotá recuperou 142 mil metros quadrados de espaço público

Com quase oito milhões de habitantes, Bogotá, assim como outras grandes cidades do mundo, enfrenta desafios globais como a escassez de moradias, a desigualdade e a pressão sobre a terra. Apesar disso, a capital colombiana estabeleceu metas ambiciosas para o futuro.

"A cidade definiu um plano de ação climática que orienta as estratégias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, com o objetivo de reduzi-las pela metade até 2035 e alcançar a neutralidade de carbono", destaca Velasco.

"Estamos avançando com políticas importantes, como ter a frota elétrica mais limpa da América Latina, promover estratégias de conservação e renaturalização em áreas de risco e implementar projetos baseados na natureza para tornar os centros urbanos mais verdes", explica o funcionário.

"Bogotá está liderando um importante projeto de restauração ambiental em suas colinas orientais, o pulmão verde da cidade, após os 42 hectares afetados por incêndios florestais no ano passado", disse Helène Julien, diretora adjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento para a Colômbia.

A iniciativa, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente, visa restaurar ecologicamente 1.300 hectares até 2027. "Trata-se de manter algumas plantações existentes, mas também e sobretudo de plantar novas espécies, mais adaptadas às mudanças climáticas", explica Julien, lembrando que 487 hectares foram restaurados no ano passado.

Para realizar essa restauração, "apoiamos a prefeitura com assistência técnica, bem como com o gerenciamento e controle de espécies exóticas invasoras que aumentam a vulnerabilidade ao risco de desastres", acrescenta ele.

No ano passado, a capital colombiana sofreu os piores efeitos da crise climática com uma seca prolongada. "Surgiu uma situação crítica no abastecimento de água, levando à reflexão sobre como tornar a cidade viável nos próximos anos", lembra Velasco. Entre as medidas em consideração está a intervenção em 170 mil hectares de bacias hidrográficas estratégicas para garantir o abastecimento de água.

Velásquez alerta que o caso de Bogotá não é único, mas sim que "está ocorrendo com frequência crescente: a crise hídrica em Montevidéu há alguns anos, a crise hídrica no vale da Cidade do México ou em cidades do norte do México, como Monterrey, as crises hídricas ou o estresse hídrico em cidades como Mendoza e nos Andes argentinos".

A Secretária de Habitação de Bogotá enfatiza que, para enfrentar essa crise, foi implementada uma estratégia de racionamento e consumo responsável com a participação de todos os setores. Da mesma forma, "foram implementadas soluções de engenharia para recuperar água de diferentes fontes e, além disso, utilizá-la de forma mais eficiente", acrescenta Velásquez, apontando para a reciclagem de água e o uso inteligente da água da chuva.

No ano passado, a cidade enfrentou o maior volume de chuvas em três décadas. "A Secretaria de Habitação está implementando soluções baseadas na natureza, como os Sistemas Urbanos de Drenagem Sustentável (SUDS), em 20 zonas de revitalização, que representam um quarto da área urbana de Bogotá", explica Velasco.

Essa ação, que busca dotar a cidade de uma infraestrutura verde que se adapte aos desafios das mudanças climáticas, faz parte da estratégia Revitalize Your Neighborhood (Revitalize Seu Bairro) , que visa levar moradia, espaço público e transporte para áreas carentes.

"Atualmente, a cidade está avançando em corredores como San Cristóbal e Potosí, fortalecendo a conexão com áreas de difícil acesso", explica o Secretário de Habitação de Bogotá, lembrando que os cabos aéreos complementarão a primeira linha de metrô, que está em construção.

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