A natureza responde conforme a tratamos: semeie ventos e colha tempestades! Como os danos que lhe causamos são enormes e crescentes, suas respostas são cada vez mais severas. Tratamos muito mal também nossos semelhantes: 70% da espécie vive em desnecessária pobreza, com menos de US$10,00/dia! Esses dois resultados precisam ser revertidos, alterando aquilo que os causam: a busca permanente de “mais”! Mais poder! Mais dinheiro! Mais vendas! Mais consumo! Mais viagens! E, como resultado, menos água! Como será viver sem água?
Vimos a recente seca recorde na Amazônia. A Espanha sofre outra, inédita. Na Catalunha há campanhas intensas para que as pessoas poupem água (se o serviço de água for privado, tal tipo de campanha ocorrerá? Alguém imagina a Coca-Cola, grande consumidora de água, defendendo a redução do seu consumo?) Lá, mais de 6 milhões de pessoas sofrem restrições de consumo; os jardins não mais são molhados, as fontes estão secas, os chuveiros nas praias e piscinas fechados, hotéis encheram piscinas com água do mar e os fazendeiros, que não mais podem irrigar suas plantações, deverão reduzir em 50% o uso de água para seus rebanhos, sob pena de multas. Na Andaluzia, a seca já dura 8 anos, com danos à produção de azeite. Em 2023, a seca na Espanha ficou entre os dez mais caros desastres climáticos no mundo. Como será viver sem água?
Desde 1990, a área do Brasil coberta por água diminuiu 15% e, mantida a busca por “mais”, continuará a cair! Essa alarmante situação não mereceu atenção da imprensa, das redes sociais, dos nossos governantes! E nada de política pública capaz de impedir o agravamento do quadro. Reverter essa tendência horripilante exige políticas que implicarão sacrifícios no curto prazo, em especial dos mais ricos, para que os filhos e netos de todos nós tenham chance de viver, dentro de 20 ou 30 anos, sem sofrer respostas ainda mais drásticas da mãe natureza.
Essa desatenção dos políticos com o longo prazo não é apenas brasileira. Ela resulta de um sistema de eleições periódicas que dá mais chances aos mais ricos e induz os eleitos a se preocuparem, acima de tudo, com sua reeleição, ou seja, com o curto prazo! Não se trata, claro, de acabar com as eleições, mas de mudar as regras do jogo, tornando-o mais, muito mais democrático! Mas, como mudar tais regras nesse sentido, se elas são definidas pelos eleitos, (quase sempre) ricos, focados na próxima eleição e desejosos, cada vez mais, em mudar as regras em seu favor?
Triste situação da democracia ocidental! Como sair dessa sinuca? Não apoiar demagogos que prometem o impossível, o paraíso no curto prazo, mas sim quem diga verdades, defina objetivos viáveis e claros, aponte ganhos e perdas, hoje e amanhã, e traduza em linguagem motivadora as medidas necessárias para trilhar esse novo caminho. Alguém à vista com tais qualidades?
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