Numa escola em Presidente Prudente (SP), um aluno de 10 anos foi fantasiado de Hitler a uma festa da instituição. Em Curitiba, estudantes vestidos com a camisa da seleção hostilizaram com violência colegas favoráveis à vitória de Lula. As alunas não foram poupadas: "Vamos encher as meninas petistas de porrada." Em várias escolas, professores também são ameaçados. Um deles teve de ouvir: "Meu pai vai f... com você."
Esses agressores são garotos em idade escolar e não nasceram assim. Foram ensinados a odiar e a discriminar — por sua cidade, pelos grupos que frequentam ou, bem provável, em casa. Quantos pais e mães, hoje no Brasil, não estarão inoculando o preconceito e o nazismo em seus filhos?
Nada disso parece estar provocando indignação nos militares. Estão mudos a respeito. Em 1942, o Brasil declarou guerra ao nazifascismo e, em 1944, mandou para a Europa uma força expedicionária de 25.000 homens. Os pracinhas, como eram chamados, enfrentaram a inexperiência, temperaturas de 15 graus abaixo de zero e soldados alemães que atiravam neles de cima para baixo. Mas os brasileiros foram bravos, heroicos e vitoriosos.
Os restos dos 467 rapazes mortos em combate descansam no Monumento aos Pracinhas, aqui no Rio. Há uma pira eternamente acesa para eles e todo ano faz-se uma bela homenagem. Mas omitir-se diante de arroubos neonazistas é o mesmo que cuspir nesta pira.
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