terça-feira, 5 de outubro de 2021

Os ETs estão chegando

Pode parecer exótico acreditar em extraterrestres. Estranho mesmo, no entanto, é falar de humanos que perderam a consciência da culpa enquanto destroem o meio ambiente; acham cafona uma abordagem de misericórdia e compaixão quando exploram os semelhantes à fome; ou expulsam indígenas das terras em favor do agronegócio. Sou mais os ETs.

Por esses e outros indícios de que perdemos nossa humanidade, tem tudo a ver a realização do 5º Congresso Mundial de Ufologia, previsto para ocorrer em Barcelona (Espanha), entre 8 e 10 deste mês. O encontro reunirá as principais cabeças pensantes do tema, no mundo, e um dos questionamentos será: “E se houver uma intervenção alienígena agora?”.

Haverá quem levante sobrancelhas e torça o nariz, diante do tema, afinal isso não é papo das elites cultas. Outros podem considerar que os curiosos pelo tema são desprovidos do saber clássico. Enquanto isso, no mundo cósmico e na Via Láctea, “mistérios sempre há de pintar por aí”.

Um ufólogo, que não anotei o nome, disse parecer inegável que, no atual estágio de vida, estamos diante de uma oportunidade e de um ultimato. Teríamos esgotado todos os meios educativos do Planeta e, por isso ele entende que nos encontramos a ponto de uma invasão de ETs. Estaríamos fracassando na nossa humanidade. O ufólogo acha que precisamos mudar o rumo das coisas ou haverá mesmo uma intervenção alienígena.

Claro, quem quiser pode achar maluquice. Mas, soa pretensioso dizer que somos únicos num Universo infinito. “Há muitos planetas habitáveis”, diz a letra da música. A conclusão do ufólogo pode ser radical e polêmica, mas a origem do pensamento é correta. Nós avançamos em todos os estágios no jogo da perversidade. E se antes, parecia termos consciência de nossas culpas, se antes refletíamos, a sensação é de que está tudo banalizado.

Em muitos casos, e dependendo do País, como é o caso do Brasil, parte da população não tem mais consciência histórica, ambiental, cultural, ética. Estar no mundo já não traz a consciência de preservação para muita gente. Não sei em que instante parte da humanidade perdeu a noção do bem. E o peso da culpa na prática do mal.

Por coincidência, tomei conhecimento do congresso de ufologia quando lia o livro “Covid-19, a Mãe Terra contra-ataca a Humanidade”, do teólogo Leonardo Boff. Ele diz que é preciso considerar o coronavírus dentro de um contexto em que a Terra foi agredida e que ela começou a reagir.

“O covid-19 possui duas origens: o ataque humano e o contra-ataque da Mãe Terra. Se nossa relação (daqui por diante) não for cuidadosa e respeitosa, ela poderá nos enviar outros vírus ainda mais letais. E, eventualmente, pode não nos querer mais. Ela continuará, mas sem nós”.

Leonardo Boff e os ufólogos falam de coisas distintas. Um, analisa a pandemia. Os outros, as nossas inconsequências. Mas, ambos, partem do mesmo princípio: chegamos até aqui cometendo abusos contra a nave mãe. E combinam na avaliação: os homens, esses seres “superiores”, se sentem no direito de fazer o que bem entender.

Lembrei-me de uma frase do escritor russo Dostoiévski, no mega romance “Os Irmãos Karamazov”. Diz: “Se Deus não existe, tudo é permitido?”. A consciência que predomina em muitas pessoas é a de que podemos fazer qualquer coisa, ainda que isso prejudique alguém. Ou de que não interessa fazer o bem, se isso não lhes traz vantagem.

Chegamos ao ponto de que os objetivos do capitalismo selvagem é que determinam nossos desejos, nossas ações. Vamos e venhamos, os ufólogos estão certos: que venham os ETs.
Cícero Belmar

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