Não serão petistas ou bolsonaristas que definirão o resultado no ano que vem. Será o eleitorado que, na falta de um candidato com ar de novidade que se mostre viável até o início do ano que vem, acostumou-se a oscilar entre o que fede mais e o que fede menos. E Jair Bolsonaro fede muito mais, porque fede a mortes, enquanto o cheiro da corrupção e lavagem de dinheiro de Lula está se tornando cada vez mais rarefeito. Trata-se de constatação.
O chefão petista é muito mais esperto do que o oponente. Por trás das bandeiras vermelhas, há articulação intensa com políticos de todos os matizes e grandes empresários — entre eles, os mesmos que tentam segurar Paulo Guedes, elogiando algumas ações suas em público, não para agradar a Jair Bolsonaro, mas por entender que, sem o ex-super ministro da Economia na Esplanada, a situação poderia degringolar de vez. É preciso entregar um país não completamente arruinado ao ex-condenado. A divulgação do encontro dele com Fernando Henrique Cardoso é só a ponta do iceberg.
Enquanto Jair Bolsonaro aposta no antilulismo, com discurso extremado como se a polarização fosse a mesma de 2018, Lula aposta no antibolsonarismo, com discurso afável, pouco ideologizado, de “união nacional”, porque sabe que a polarização em 2022 será outra, a do extremismo versus “polo democrático”, e que o seu cheiro de ralo já não incomodará tanto, visto que o cheiro de morte do oponente já é bem mais acentuado. De qualquer forma, Jair Bolsonaro não saberia e não poderia fazer diferente: é um sujeito de inteligência limitada e enveredou pelo caminho sem volta da sociopatia. O atual presidente não é o real adversário de Lula, apesar da retórica do chefão petista. O real adversário de Lula é um nome forte que represente uma alternativa honesta e racional a ele. Mas esse nome ainda não existe e não se sabe se existirá a tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário