Vendo o vídeo do Bolsonaro sendo batizado nas águas do Rio Jordão, anos atrás, me lembrei da vez em que estive no mesmo lugar, numa rápida passagem por Israel. Não, não entrei na água, mas muitos fiéis faziam fila para entrar, e serem submergidos no mesmo bálsamo sagrado com que João Batista um dia ungira Jesus, no que não deixava de ser uma cena emocionante. Entrei na loja de “souvenirs” que tem ao lado do local dos batismos no rio ainda enlevado pelo espetáculo de devoção coletiva que acabara de presenciar, talvez até a meio caminho de uma conversão como a epifania do apóstolo Paulo na estrada para Damasco, quando vi, logo na entrada da loja, uma pilha de objetos que não demorei em identificar. Eram reproduções da coroa de espinhos que martirizara Jesus no caminho da cruz — feitas de plástico!.
As coroas estavam tendo uma boa saída. Decidi que não encontraria nada que me interessasse na loja de “souvenirs” muito menos uma epifania. Um jogo que você pode fazer é cotejar tudo de bonito que devemos à Igreja, de catedrais barrocas a missas do Bach, e tudo de horroroso, da Inquisição a coroas de espinhos feitas de plástico.
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