A pandemia põe à prova nossa humanidade. Nunca tantos, ao mesmo tempo e por tanto tempo, vivemos o medo da morte. Apesar do medo, da dor e do luto, a espécie humana sendo movida a esperança, sabemos que a Ciência, incansável, vencerá esse vírus, como venceu outros. A pandemia vai passar e é bom que façamos planos para o futuro, desejemos e imaginemos um mundo que será mais justo e a desigualdade menos indecente. Mas é a solidariedade de que formos capazes agora, como seres humanos e como cidadãos, que dirá se esse mundo tem alguma chance de vingar amanhã. Mesmo trancados dentro de casa há formas de lutar contra a pandemia. Somos capazes de gestos que têm e dão sentido ao nosso dia a dia.
O grau zero da nossa resistência é nos cuidarmos porque assim estaremos também cuidando dos outros. Talvez nem percebamos o valor dessa dimensão solidária no que parece ser apenas autodefesa. Ficar em casa salva vidas.
Ajudar também aos mais próximos, os que estão ao nosso alcance direto e que precisam de ajuda.
Socorrer os vulneráveis, com os recursos disponíveis, das pequenas organizações às redes, dos indivíduos aos grandes bancos, cada um na medida das suas possibilidades, numa corrente de apoio à sobrevivência dos mais fragilizados.
Todos esses gestos, afirmando o valor de cada vida, ajudam não apenas a quem precisa, ajudam também a cada um de nós, nos arrancam da situação de vítimas paralisadas pelo medo, nos devolvem à condição de pessoas ativas e reconstroem por dentro a nossa humanidade.
Ou a solidariedade se afirma agora, no auge da pandemia, como uma convicção moral e uma virtude cívica, ou não será depois que esse sonhado mundo melhor se realizará.
Rosiska Darcy de Oliveira
Rosiska Darcy de Oliveira
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