Na recentíssima campanha eleitoral, Bolsonaro jurou que não disputaria um segundo mandato. Agora, reafirma que a reeleição tem sido "péssima" para o país, pois os governantes "se endividam, fazem barbaridade, dão cambalhota" para se reeleger. Mas Bolsonaro já não cogita pegar em lanças pelo fim da reeleição. Alega que não cabe a ele, mas ao Congresso promover uma reforma que apague a reeleição do ordenamento jurídico.
Bolsonaro levou o debate sobre a reeleição para o pântano das ambiguidades, o habitat preferido de certos políticos. Nesse pântano, o capitão executa uma coreografia enfadonha. Ele parece ser e não ser ao mesmo tempo. Afirma que se pensasse em reeleição faria uma reforma previdenciária "light". Mas realça que "está muito grande" a pressão para que concorra novamente.
Em condições normais, seria apenas constrangedor assistir a um presidente que acabou de se eleger com a promessa de ser o coveiro de velhos hábitos políticos comprometendo o seu governo com uma disputa pelo Poder que, além de prematura, pode ser paralisante. Quando isso ocorre no aniversário de 100 dias de uma Presidência decepcionante, o constrangimento descamba para a aberração.
Político que não ambiciona o Poder vira alvo. Mas político que só ambiciona o Poder erra o alvo. A única ambição que Bolsonaro deveria ter no momento é a ambição de trabalhar.
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