“A Cotia tinha um rabo enorme, mas só se preocupava com o rabo do Macaco; se distraiu, esquecendo o seu próprio rabo, e terminou cotó”. (Do folclore)
Um dos contos mais conhecidos da tradição oral brasileira, “O Macaco e a Cotia”, foi apropriado e compilado por Silvio Romero, que, com Teófilo Braga, publicou o livro “Contos Populares do Brasil”. Mais tarde, Monteiro Lobato, precursor da literatura infantil no Brasil, publicou também a mesma historieta.
Conheço-a. Mas ouvi da minha avó Quininha, quando menino, uma versão bastante diferente da registrada por eles. Esta narrativa avoenga é:
“O Macaco e a Cotia conversavam na beira de uma estrada onde trafegavam vários carros de boi carregando cana para o engenho;
A Cotia era muito nervosa e alertava o macaco para o perigo que representava o trânsito para seu enorme rabo: – “Macaco, tira seu rabo da estrada, senão o carro passa por cima e corta-o”.
O Macaco não dava atenção à lengalenga da amiga, várias vezes repetindo preocupada o alerta. De olho nos carros e no rabo do macaco ela se distraiu e esqueceu o próprio rabo que um carro esmagou. É por isso que a Cotia não tem rabo…”
Na política brasileira a gente vem assistindo diuturnamente a moral contida nesta história, com várias cotias chamando a atenção do macaco para tomar cuidado com o rabo deixando o seu à mercê do tráfego intenso da vigilância popular.
Extraída da EBC, vimos um pronunciamento da ministra Cármen Lúcia, do STF, numa palestra em que disse que o mundo atravessa um momento de mudanças que, muitas vezes, se tornam “perigosamente conservadoras”; admitiu ainda que “muitas vezes”, fica preocupada com as opções feitas pela sociedade.
Até recentemente Cármen Lúcia era presidente do Supremo cargo que passou para o colega Dias Toffoli. Não vimos a sua “preocupação” quando o seu sucessor, em sessão extraordinária da 2ª Turma do STF determinou a libertação “imediata” do corrupto José Dirceu, condenado pelo TRF-4 e sentenciado à prisão.
Aliás, a meritíssima Togada não se inquietou com várias decisões da 2ª Turma, que recebeu da mídia a designação de “Jardim do Éden” pela leniência, quase favorecimento, a corruptos presos pela Lava Jato, e sofreu comentários atribuindo-lhe “diarreia jurídica”.
O bando dos três, Toffoli, Gilmar Mendes e Lewandowsky formou uma maioria na 2ª Turma que, sinceramente, pôs em risco a credibilidade do STF soltando um contêiner de presos pela Lava Jato, e houve até boatos que tramavam com alguns picaretas do Congresso um ataque aos membros da PF, MPF e juízes que investem contra a corrupção.
Anteriormente, os mundos jurídico e político, também aceitaram calados o fatiamento do impeachment de Dilma Rousseff e a manutenção dos direitos políticos dela em flagrante desrespeito à Constituição praticado pelo ministro Lewandowsky acumpliciado com o corrupto Renan Calheiros, então presidente do Senado.
Todos estes, ficam arrotando ética, liberdade e patriotismo para aconselhar o presidente eleito democraticamente pelo povo brasileiro, Jair Bolsonaro, tentando pautar suas atitudes, comportamento e visão do ministério que vai compor e até do governo que pretende fazer. Não olham os próprios rabos.
Até a OEA, que tem um enorme rabo bolivariano, resolveu dar palpites sobre o futuro governo, falando de ameaças à liberdade de expressão e riscos de práticas ditatoriais que nunca se importou existirem efetivamente em Cuba e na Venezuela…
Dispenso fazer comentários sobre a massa fanatizada do lulopetismo, pela inutilidade de esperar de robôs primários com memória mecânica e suporte magnético de uma ideologia superada. Não se espera deles nada do que a conspiração para levar o País ao caos.
Seja como for, porém, esse grupo, cada vez mais minoritário, que olha e se preocupa com o rabo dos outros, terminará cotó, mutilado pelo trator da História…
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