Nas batalhas da vida, aprendi o básico: a curvar-me diante dos inimigos, a falar sua língua e a reverenciar os seus deuses. Não tendo talento para a glória nem audácia para a conquista, fiz o que me convinha: tornei-me dócil e, se não pude erguer espadas nem troféus, consegui ao menos a honra de encher o cálice dos vencedores e - para quem acha essa uma tarefa vil - digo que tenho sido invejado por isso. Não sendo um vitorioso, sou visto ao lado deles e às vezes recebo tanto afeto quanto o que dedicam a seus cães. Quando morrer, talvez me caiba uma sepultura tão digna quanto a de um desses soberbos animais que alegram e enobrecem seus donos.
Raul Drewnick
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