quarta-feira, 25 de julho de 2018

Tristeza não tem fim, felicidade sim

Lembro-me como se fosse hoje. Era dia 8 de dezembro de 1994 e eu estava jantando no Ristorante Primavera, um dos meus preferidos em Nova Iorque, quando de repente as luzes diminuíram de intensidade e na penumbra os garçons foram de mesa em mesa informar “o Maestro Jobim acaba de falecer”. O restaurante, que estava cheio, ficou no mais profundo silêncio por um bom tempo, até que a atividade voltasse. Antônio Carlos Jobim era muito querido nos Estados Unidos.

Depois de tanto tempo, esta cena triste me vem à memória relembrando um de seus versos antológicos: “tristeza não tem fim, felicidade sim”, que tão bem retrata nosso Brasil de agora.


Nossa felicidade, coisa muito escassa no momento, tinha acabado nos campos da Rússia, causando mais uma grande frustação nos que acreditavam no sucesso da seleção de Tite.

Passado este episódio, não nos resta mais nada do que voltar nossa atenção e preocupação para o Brasil, e constatar o grau de irresponsabilidade que assola a nação.

A sentença monocrática do desembargador de plantão Rogério Favreto do TRF-4 decretando a soltura do Lula é a comprovação de que nossas instituições não estão funcionando bem como deveriam.

Não fosse a enérgica reação do juiz Moro e dos desembargadores Gebran Neto e Thompson Flores, sua santidade, o demiurgo de Garanhuns, estaria soltinho da Silva para incendiar o país, como está seu arquiteto de ideias e cérebro da organização criminosa que roubou milhões, Jose Dirceu, que está postando nas redes sociais vídeos conclamando a sublevação para soltar o Chefe.

Como se não bastasse os 103 pedidos de habeas corpus impetrados junto ao STJ, todos iguaizinhos, feitos por robô, que a presidente da corte negou.

Mas a irresponsabilidade continua solta: o Congresso nomeou uma comissão de plantão com dois deputados condenados, a Câmara dos Deputados aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentarias, a LDO, com emendas como a derrubada da proibição de aumentos para o funcionalismo público, a categoria mais bem paga do Brasil, num país que amarga uma crise sem precedentes com 14 milhões de desempregados, bem como da proibição de contratação de novos servidores. Além da pauta-bomba que vai custar mais de 100 bilhões ao tesouro que já vive no cheque especial.

O que será que poderá acontecer no Supremo, quando o ministro luso brasileiro, inimigo da Lava Jato e campeão de habeas corpus, voltar à ativa depois do recesso e o ministro Toffoli assumir a presidência da Corte?

Ninguém sabe, mas boa coisa não se pode esperar… Aliás, a capa da revista Veja de 4 de julho é emblemática, Gilmar Mendes dando gargalhadas para o título “Dirceu solto”…

E a campanha eleitoral de outubro?

Como justificar a adesão do Centrão ao Geraldo Alckmin, um grupo de partidos muitos dos quais envolvidos em escândalos de corrupção? Que opções terão os eleitores, que querem um Brasil honesto e livre da corrupção?

E a tão esperada renovação vai acontecer? Tudo indica que não, pois a reforma eleitoral que fizeram mais a criação do fundão tem uma só razão de ser: quem está fica, quem não está não entra.

Por tudo isso, parece que Antônio Carlos Jobim tinha toda a razão: “tristeza não tem fim, felicidade sim”.

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