quarta-feira, 4 de abril de 2018

Lembrem das lições de Nuremberg, segundo Kubrick

O memorável duelo entre os juízes Dan Haywood e Ernst Jannings ainda continua imperdível. Estes tempos de justiça nebulosa nos céus brasileiros fazem-nos lembrar o filme "Julgamento em Nurembertr" (1961). O diretor Stanley Kramer retrata o famoso julgamento internacional das altas autoridades nazistas. Os personagens Haywood (Spencer Tracy) e Jannings (Burt Lancaster), entre o elenco estelar, representam o debate entre a democracia ideal americana e o autoritarismo nazista infiltrado inclusive na Justiça de um país respeitado por sua filosofia do Direito.

No banco dos réus, está a nata da magistratura alemã do Terceiro Reich, que forjou julgamentos e manipulou decisões favoráveis dentro da doutrina do Partido Nacional Socialista. O símbolo da Justiça alemã, Jannings, era um intocável que se escudava na imagem de eminência do Direito, a ponto de afrontar o tribunal internacional por não reconhecer sua legitimidade para julgar a nata da Justiça alemã.

Janninsg, na vida real Franz Schlegelberger, com extensa obra lida e respeitada fora da Alemanha antes de 1933, sentenciava dentro da falta de ética e moral nazistas. Se considerava acima de tudo e todos por vestir uma toga.

Para o juiz alemão, se existesse a letra da lei o espírito da lei seria o próprio Schlegelberger. Um posicionamento condenável ontem, hoje e sempre pelo autoritarismo desses ditadores rastaqueras que infestam instituições e viraram praga sob a capa de defenderem um Estado de Direito. Alardeiam em falas emboladas o direito próprio de administrar a justiça a bel-prazer para gozo de uma classe.

São os mais nocivos seres de qualquer Estado que se queira um dia se orgulhar da sociedade que criou. Constroem com suas interpretações estrambóticas o autoritarismo mais criminoso: a Justiça privilegiada. Olímpicos seres, regiamente pagos pelo dinheiro público, ditam como mantra a justiça que acham justa para os contribuintes. Querem a História escrita por suas penas numa governança de arbítrio.
Luiz Gadelha
 

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