O PT terá de repensar o seu discurso. Como nunca foi radical, a não ser nos últimos dois, três anos, com o cerco a Dilma e seu consequente impeachment e, depois, com o julgamento de Lula por corrupção e lavagem de dinheiro, o PT perdeu este espaço para outros partidos, sobretudo o PSOL. Não fará sentido para o PT, a partir de 2019, fora do governo federal, com uma bancada que deve ser menor que a metade da atual, e com alguns minguados governadores em estados periféricos, continuar com este perfil beligerante contra inimigos que nunca existiram, como o Ministério Público, a Justiça e a Imprensa.
Sobre a Imprensa, aliás, as cenas de agressão de militantes do partido a jornalistas profissionais, como se viu na cobertura da prisão de Lula, é questão de polícia. O PT era um veterano aliado da Imprensa quando estava na oposição. E assim procedeu no início do governo petista, até a eclosão do escândalo do mensalão. Deste momento em diante passou a atacar veículos e jornalistas. No governo, pelas mãos do ex-ministro da Comunicação Franklin Martins, chegou a cogitar a baixar normas que batizou de “controle social da mídia”, mas que na verdade eram simples censura.
Enfim, é este tipo de reação, que significa apenas autodefesa, que precisa mudar. Claro que o PT terá de encontrar novos líderes, fortes e carismáticos para voltar a ter relevância nacional. Nesta próxima eleição, seus 20% a 30% de votos cativos cairão para um patamar bem mais baixo sem Lula. Todos sabem que uma enorme fatia deste eleitorado é, na verdade, de Lula, e não do PT. Tanto que, dos milhões que deixarão de votar no PT sem Lula, uma parcela considerável vai votar em Bolsonaro, a antítese do PT, nem tanto de Lula.
O PT sabe muito bem que sem Lula recuará muito eleitoralmente. Por isso, muito mais do que por solidariedade ao homem que estava sendo encarcerado, os petistas lutaram desesperadamente para manter Lula fora da cadeia. A tal ponto de atentar contra o Supremo Tribunal Federal. Por isso também continuam dizendo que Lula será o candidato do partido mesmo preso. A falta de sensatez desta afirmativa não importa, o que interessa é manter acesa a chama de Lula.
Lula gravou vídeos e fez fotos com inúmeros políticos do PT e de outros partidos de esquerda, como Celso Amorim, Lindberg Farias e Manuela D’Ávila, ao longo do seu exílio dentro do sindicato. Servirão para a campanha de outubro. Outros vídeos que fez, além das imagens dos militantes em frente ao sindicato, serão usados mais adiante, na campanha, caso ele não consiga sair para uma prisão domiciliar antes disso. Significa que o espectro de Lula será usado mesmo com ele encarcerado. O PT teima em não andar sozinho.
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