A gente chora. Reclama. Protesta. Exige civilização. Mesmo que, por nunca a ter experimentado, a gente não saiba como ela é. Ou mesmo ache que não exista. Ou que talvez, se existir, não é coisa possível de acontecer nos trópicos.
Logo aparecem os donos. Já vêm autoproclamados. Explicam tudo. Até o que pensamos. Ou como deveríamos pensar. No Brasil, povo tem dono. Ou talvez sejam os donos achem que tem povo. É confuso. Não sei.
De certo é que a tempestade de opiniões de especialistas prescrevendo remédios e explicando razoes. Cada um vende soluções simples, únicas, solitárias. Quase milagres. Ou explicam que a culpa é de ninguém.
E a vida é sequestrada por análises, artigos, comentários, reportagens. Todas repetidas. Sem originalidade. Emboloradas, inúteis e sem efeito. Mas sempre expostas de maneira vistosa. Ideias velhas, mas levadas a vitrine como novidade, emolduradas em ideologias já extintas em conceitos já mortos.
Tudo fica intenso. Tenso. Mas sem solução. Atropela a esperança de melhora. Fica repetitivo. Cansa. Abate o ânimo. Até a gente voltar ao transe. Mergulhar na apatia. Aceitar o absurdo. Continuar produzindo cadáveres sem rosto, sem história. Até esquecer ou acostumar. Vamos levando. Fingindo que isso é vida.
Desse jeito, a gente vai se convencer que civilização é isso mesmo.
Elton Simões
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