Identificamos muitas diferenças, ao longo do tempo, quanto às fantasias, à formação de blocos e à agregação dos foliões em universo anônimo permeado por prazer, crítica política e recursos inebriantes. Algumas têm sido lamentáveis pela queda da qualidade da música e adesão dos jovens a propostas grotescas para a linguagem, as atitudes, o futuro do país e o bem-estar social. A terra de figuras magníficas nas composições e no canto em muitas situações – Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Cartola, Nara Leão, Ângela Maria, Gonzaguinha, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto, Almir Sater e Ney Matogrosso – produz agora ritmos esdrúxulos com letras deploráveis pelo incentivo à violência, ao sexo irresponsável e sem poesia, à depreciação da mulher e à afronta às instituições. Estas são indispensáveis para garantir o compartilhamento de extenso território sem carnificina e com busca incessante de liberdade, conforto, diálogo e soberania nacional.
Lideranças políticas e teóricos de diferentes matizes têm pregado, entretanto, o confronto que vem aflorando em diferentes pontos do país, sendo o mais visível o controle dos bandidos sobre a Cidade Maravilhosa. Isso seria pelo nivelamento por baixo, expropriando as classes privilegiadas de seu patrimônio, enquanto se fortalecem as camadas populares. Daí, o incentivo de péssima produção do lazer para os jovens, com financiamento público e cumplicidade da mídia que não preza a qualidade de sua programação. A indução ao consumo dos novos “artistas” fica muito fácil porque os estudantes têm frequentado uma escola sem compromisso com a instrução, que sustentou a formação de várias gerações de brasileiros, até alguns anos atrás.
A desigualdade social é nosso grande problema, desde a colonização, e precisa ser superada com ascensão de todos via educação plena e qualificação profissional; jamais no sentido inverso. Os brasileiros merecem inserção na sociedade moderna, porque o país não pode ficar em patamares tão ridículos de desenvolvimento socioeconômico, em que o cidadão não conquista sua autonomia, ficando à mercê de demagogos e de assistencialismo governamental. Para tanto, é indispensável que o Estado elabore um planejamento estratégico que reverta a depreciação por que passam as diferentes instituições, oferecendo oportunidades verdadeiras para o estudo, o trabalho e a soberania nas eleições.
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