Mas há sempre uma candeia/ Em meio a tanta desgraça, escreveu Manuel Alegre (em “Trova do vento que passa”). Há também, em meio a tanta ruindade, um detalhe que vem escapando à mídia. Em favor de Temer. É que, pensasse apenas em si, e poderia estar em situação bem mais cômoda. Bastaria tirar de pauta esses projetos polêmicos todos. Simples assim. A começar pela reforma da Previdência. Nesse caso, políticos que pensam mais neles (ou nas eleições), que no país, perderiam a chance de falar mal dos projetos. E do presidente. Daria, também, aumento salarial para todas as categorias do serviço público. Seria o Temerzinho paz e amor. A história se repetiria, pois. Com o Brasil ainda mais quebrado. E o próximo presidente ganharia de presente todos esses problemas, coitado. Aumentados. Muito.
Teria também, o pobre do Temer, a vantagem de não ficar tão refém de sua “base”, do “é dando que se recebe”, desse estágio vergonhoso que marca nossas elites políticas de agora. Como já não precisaria mais de votos para aprovar projeto nenhum, então poderia negar cargos e verbas. Ou parte. A rigor, ele está sendo criticado pela única coisa boa de seu governo lamentável. O de aceitar essa impopularidade pantagruélica para tentar aprovar reformas em favor do Brasil.
Resumindo, e voltando ao “Se” de Kipling, Temer não poderá recitar alguns versos do poema. Como Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes... Ou E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes. Mas poderá pelo menos dizer, como ele, Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas/ Em armadilhas as verdades que disseste. Pensando bem, e isso é quase uma ironia, seu governo poderia sofrer bem menos críticas. Já falta pouco, até as próximas eleições. E com certeza iria, sem maiores problemas, até o fim. Problema, só, é que seria muito pior para o Brasil.
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