quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O paradoxo Temer

Estranho país, este. Estranhíssimo. Contrariando as leis universais da política, à medida que Michel Temer perde apoio popular crescem suas chances de completar o mandato que herdou da ex-presidente Dilma Rousseff. Por suposto, deveria ser o contrário. Mas não aqui.

O governo Temer tem a pior avaliação da série histórica da pesquisa feita pelo Instituto MDA e divulgada desde 1998. Na mais recente, que ouviu 2.002 pessoas de todas as regiões do país entre os últimos dias 13 e 16, a aprovação do governo reduziu-se a 3,4%. Era de 10% em fevereiro.


O que houve de fevereiro para cá? A delação dos executivos do Grupo JBS. O presidente do grupo, o empresário Joesley Batista, hoje preso, gravou Temer no porão do Palácio do Jaburu. Em seguida, a Procuradoria Geral da República denunciou Temer por corrupção passiva.

A desaprovação do governo passou de 44% em fevereiro para os atuais 75%. Os que consideram o desempenho do governo apenas regular são 18% contra 39% em fevereiro. A avaliação negativa do desempenho pessoal de Temer subiu de 62% para 84%. É um desastre!

Nem por isso a situação de Temer inspira maiores cuidados. Quase 70% dos entrevistados disseram que não pretendem ir às ruas pedir a saída dele do cargo. A razão? Para 50% dos entrevistados, as pessoas perderam a esperança nos políticos que temos.

Quer dizer: à falta de quem preste, fica Temer. Vida que segue. É por faltarem 12 meses e poucos dias para a eleição do novo residente que a Câmara dos Deputados rejeitará a segunda denúncia contra Temer por obstrução de justiça e organização criminosa.

A agenda de reformas do governo foi para o espaço. A economia dá sinais de recuperação simplesmente porque havia batido no fundo do poço. O mercado financeiro não quer saber de marolas. Uma eventual queda de Temer provocaria um tsunami nos negócios. Bola pra frente.

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