sábado, 4 de março de 2017

Um diálogo inexistente

Nos partidos da base oficial, existem deputados e senadores que criticam a forma de o governo fazer as coisas, não as coisas que o governo faz. Tome-se a reforma da Previdência Social. Gostariam líderes do PMDB, PSDB, PP, PDT e penduricalhos que, antes de o presidente Temer ter encaminhado ao Congresso o elenco de mudanças no setor previdenciário, deveria ter aberto com os partidos a discussão sobre o que precisava ser feito. O palácio do Planalto teria, assim, uma radiografia das tendências parlamentares, antes de apresentar apenas sua imposição. O trabalho comum serviria para ganhar tempo, uma vez que todos concordam com a reforma, ainda que sem acordo sobre o que reformar.

Tem sido sempre assim, no relacionamento entre Executivo e Legislativo, fora das ditaduras. O primeiro prepara pratos feitos que manda para o outro, infenso a cumprir ordens. Por isso abre-se sempre o impasse sobre as mudanças. Caso houvesse um debate prévio, essas mudanças começariam a tramitar já com uma tendência conhecida. Poupar-se-ia tempo.

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O problema é que os dois poderes são presunçosos e egoístas. Não abrem mão do que entendem ser suas prerrogativas, este pretendendo impor sem dialogar, aquele imaginando-se absoluto na função de mudar tudo.

O resultado, não raro, são os impasses e a perda de tempo, quando tudo poderia ser diferente caso se acertassem previamente. Nenhuma das partes se sentiria diminuída. Do jeito que o processo se desenvolve, frustra-se o governo ao ver dilapidada sua proposta, como frustram-se os partidos, obrigados a remendar o que será o produto final. Confirma-se a observação inicial: a forma de o governo fazer as coisas deixa a desejar, ainda que concordem todos com as coisas que precisam ser feitas.

Apenas um detalhe a mais: precisaria esse diálogo acontecer em sigilo, à margem dos holofotes, porque a atuação diante das câmeras e microfones perturba o sentido das coisas.

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