Todos ainda nos lembramos dos tsunamis que atingiram a Malásia, a Indonésia e a Tailândia, em 2004, e o Japão, em 2011. Alguns nasceram de um terremoto. Outros começaram por um vazamento da maré, que deixava a seco em minutos uma vasta extensão da orla —como se o mar, por motivos só dele, estivesse convocando as águas para seu seio. De repente, descobria-se que ele fizera aquilo para se atirar com força monstruosa sobre o continente e, então, já era tarde para correr.
As imagens, tomadas de longe e sem áudio, mostram um espesso lençol de água que chega à praia e, em vez de, em certo momento, estacar e refluir, parece disposto a não parar nunca —continua avançando com o mesmo volume, levando com ele barcos, árvores, casas, pessoas e carros. Visto de perto (e alguns heróis conseguiram registrá-lo a curta distância), pode-se ouvir o ronco do mar, os sons da destruição e o desespero das vítimas.
Cidades tiveram seu território em grande parte arrasado, ilhas submergiram inteiras, centenas de milhares morreram e o prejuízo foi gigante. Mas, exceto pelas vidas que se perderam, aqueles países já reconstruíram tudo —eles são assim. Futuros tsunamis, se vierem, não os pegarão desprevenidos.
No Brasil, esta semana, o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais nomes da Operação Lava Jato, comparou as delações da Odebrecht, já tomadas e em processamento, a um tsunami. Quando elas vierem a público, a água atingirá o sistema político brasileiro em todos os seus níveis. Arrastará uma população de corruptos -figurões, intermediários, peixinhos- e desnudará por igual as práticas dos partidos, de esquerda, direita ou o que for.
Ótimo. Se houver sobreviventes, que eles enterrem os seus mortos. O Brasil viverá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário