quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Muita gente ainda vai provocar sobressaltos de toda ordem

Depois de Eduardo Cunha e tantos outros, Anthony Garotinho, Sérgio Cabral e Geddel Vieira Lima (que ainda não entendeu que precisa se demitir) tomaram conta da mídia e, certamente, não serão os últimos. Muita gente ainda virá por aí, provocando sobressaltos e ataques cardíacos. Confesso: tenho sido despertado de madrugada por notícias e cenas dramáticas que, durante o dia e até altas horas da noite, li nos jornais ou ouvi (e vi) nas emissoras de rádio e televisão. Isso sem falar no verdadeiro enxame de “informações” provenientes da internet e repetidas até a exaustão pelas redes sociais. A maioria delas, leitor, sem compromisso com a verdade. Apesar dos penosos anos de estrada, reconheço que não está fácil absorver tantos golpes de uma só vez.

Desse veneno (o da internet) me livro com relativa facilidade. Mas o mesmo, com certeza, não ocorre com os adolescentes. Acrescente-se a essa via- crúcis a leitura que simultaneamente faço do excelente livro do jornalista Vladimir Netto, absolutamente indispensável ao entendimento da operação Lava Jato. O tempo passou em um átimo, e talvez por isso não consegui obedecer à risca ao conselho de William Shakespeare: “Tu não devias ter ficado velho antes de ter ficado sábio”.

Canadauence TV: O Brasil está com medo de sua própria sombra:

O jornal O TEMPO publicou importante alerta do médico marroquino Driss Moussaoui, durante o 34º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que aconteceu na semana passada na cidade de São Paulo (Interessa, 18.11). “Assistir a atos de violência agrava a ansiedade e a depressão”, dizia a manchete do jornal. Segundo Driss, “vivemos em uma vila global, ou seja, tudo o que acontece na outra ponta do mundo acontece na minha casa, na minha sala”. O médico se referia aos atos terroristas. Data venia, não são somente eles que provocam tanto a ansiedade quanto a depressão. No mesmo dia, o jornal “O Globo” publicou entrevista com o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador de estudos sobre segurança pública da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e autor, desde 1998, do Mapa da Violência no país.

Jacobo se refere à crise econômica em nosso país e ao impacto que ela poderá ter no aumento da criminalidade, que, entre 2011 e 2015, registrou mais vítimas de homicídios (mais de 279 mil) do que a guerra da Síria (mais de 256 mil). Foram mais de 58 mil mortos só no ano passado, de acordo com os dados mais recentes. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2016, em 2015, “a cada nove minutos, uma pessoa foi morta, totalizando 58.492 vítimas de assassinatos intencionais, que incluem homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais”.

Tudo isso, leitor, somado aos últimos acontecimentos políticos, igualmente graves e violentos (e o exemplo não está só no Rio e na prisão de dois ex-governadores), conclui-se que faltarão psiquiatras para cuidar do grande número de vítimas da ansiedade e da depressão.

E o mais dramático é saber que ainda não chegamos ao fundo do poço. Já imaginou, leitor, o que aconteceria se operações semelhantes à Lava Jato – que, por enquanto, tratou apenas de algumas poucas grandes empresas, nas áreas pública e privada – afinal se iniciassem nos Estados e municípios? Muito pouca gente se salvaria…

Será que, agora, o gigante se dará conta do caminho que vem trilhando? Ou teremos de acordá-lo de sua profunda letargia?

Mãos à obra, presidente Temer! O tempo urge!

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