quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Temer e Moreira Franco assistem, de camarote, ao massacre de Geddel pela mídia

Há um sentimento de perplexidade e até revolta diante da omissão do presidente Michel Temer, que ainda não tomou nenhuma providência para afastar ou punir o ministro Geddel Viera Lima por tráfico de influência e outras irregularidades. No meio do caos surgem três importantes informações plantadas/vazadas pelo Planalto. Uma delas dá conta de que não teria sido bem recebida a manifestação de Moreira Franco, em Paris, colocando em dúvida a permanência de Geddel Vieira Lima no governo. A segunda notícia divulga que o presidente Temer teria ligado para Moreira e dado “uma chamada” nele. E a terceira informação, ainda mais intrigante, destaca que “foi o presidente Temer quem convocou os líderes para prestar solidariedade ao ministro Geddel Vieira Lima.

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Bem, as três notícias são importantíssimas. Mas apenas uma delas é rigorosamente verdadeira, não desperta a menor dúvida nem necessita de comprovação. As outras duas são apenas manipulações da realidade. Sobre elas, há controvérsias, diria nosso amigo Francisco Milani, com quem trabalhamos na TV, em programa dirigido pelo Mauricio Sherman.

 A primeira notícia, sobre a entrevista de Moreira Franco, é absolutamente verdadeira, porque a declaração do secretário do Programa de Parceiras de Desenvolvimento de fato causou indignação não só a Geddel, mas também a Eliseu Padilha, da Casa Civil, e a todos os demais caciques do PMDB e dos demais partidos, que estão atuando juntos na Operação Abafa, destinada a inviabilizar a Lava Jato através de projetos de lei, exatamente como ocorreu com a Mãos Limpas na Itália.

O colunista Ilimar Franco, um dos mais respeitados jornalistas de Brasília, publicou em O Globo que ministros do PMDB, do Planalto e da Esplanada avaliam que a entrevista foi desnecessária e, por isso, “não entendem por que Moreira se empenhou em fragilizar Geddel ainda mais”.
As outras duas notícias, porém, estão manipuladas e não podem ter comprovação. Trata-se apenas de especulações visando a defender o indefensável Geddel.

Alguém viu Temer telefonando para dar bronca em Moreira Franco? Não. Alguém acha que um político experiente como Moreira iria dar pitaco num problema tão grave sem antes falar com o presidente Temer? Pode até ter acontecido, mas as possibilidades são mínimas.

E alguém viu Temer ligando para algum líder ou mandando algum assessor convocar as lideranças para fazer um patético manifesto a favor de Geddel? Claro que não. Por misericórdia, que alguém então aponte qual foi a assessor de Temer que tomou essa iniciativa, para que o presidente possa demiti-lo sumariamente. Afinal, Temer só não tem força para punir os caciques do PMDB e dos partidos da base aliada, mas o resto que se cuide, todos estão ao alcance de sua caneta.
As três notícias foram plantadas e vazadas pela mesma fonte – a Secretaria de Imprensa do Planalto, subordinada à Casa Civil e dirigida por Márcio Freitas Gomes, que há 17 anos trabalha diretamente para os caciques do PMDB, recebendo bela remuneração oriunda do Fundo Partidário, ou seja, paga pelo povo, não pelos políticos.

Entre as múltiplas lições de Ulysses Guimarães, duas delas se adaptam perfeitamente à situação. A primeira é de que “a verdade não tem proprietário exclusivo”, enquanto a segunda lição salienta que “na política até a raiva é combinada”.

Passou pela cabeça de alguém que Moreira Franco não é capaz de tomar nenhuma iniciativa sem antes ter o aval de Temer? E até agora ninguém reparou o progressivo esvaziamento de outrora todo-poderoso Padilha? Na estratégica feijoada oferecida a Temer por Renan Calheiros no dia 12, sábado retrasado, quem acompanhou o presidente foi Moreira, ou seja, Padilha foi barrado no baile, como se dizia antigamente
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