Pois eis que a tesoura, uma outra tesoura, acabou atingindo a própria presidente. Ela foi afastada segundo o rito constitucional e aguarda o julgamento do Senado. Enquanto isso, salário integral, curte as comodidades do Palácio da Alvorada, com um séquito de fazer inveja à qualquer família real europeia. No entanto, para a Dilma, ela está nas masmorras de uma espécie de Coliseu, onde aguarda algumas semanas pela decisão final. Naquele dia precisará que mais de 27 entre os 81 senadores ergam o polegar e a restituam à vida antiga, que tão mal levava o Brasil e tanto bem lhe fazia viver.
Tivesse fé, Dilma deveria subir de joelhos as escadarias da Penha. Deveria lavar o átrio da Igreja de Nosso Senhor do Bom Fim. Foi-lhe dado o privilégio de presidir a república e ela fez mau uso dessa ventura conduzindo o país a uma situação que se torna desnecessário descrever porque seria falar sobre a vida de cada um. No entanto, em vez de agradecer e penitenciar-se, Dilma reclama. Reclama de tudo, como se estivesse nas masmorras do Coliseu Romano.
Reclama de não ter jato da FAB à disposição para viajar quando e para onde bem entenda. Reclama da reduzida equipe. Reclama do cartão de alimentação. E no entanto, de uma ponta a outra, a lista de suas efetivas disponibilidades é feita de privilégios! São regalias negadas aos trabalhadores. E ainda mais recusadas aos milhões de brasileiros desempregados por sua incompetente condução da política econômica. A estes, desempregados pela corrupção, desempregados pelos gastos durante o estelionato eleitoral de 2014 e pelo dinheiro despejado no totalitarismo dos camaradas bolivarianos, ela não dedica uma única palavra.
O dedo acusador de Dilma volta-se contra tudo e todos. Só não encontra o rumo do próprio peito.
Percival Puggina
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