sexta-feira, 10 de junho de 2016

Perdas salariais levam 1 milhão de famílias à queda na escala social

Reportagem de Marcia De Chiara, O Estado de São Paulo, edição de 29 de maio passado, com base em levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas, revela que de 2015 para 2016 um milhão de famílias (4 milhões de pessoas) desceram de classe social. Uma parte que se encontrava na classe C1 passou para a C2. Uma outra fração desceu da C2 para os grupos D/E.

É consequência do congelamento salarial e do desemprego que atingiram em cheio os padrões no poder aquisitivo. Daí, claro, a recessão. Menos consumo, menos receita de impostos. Um círculo vicioso. Uma corrente negativa que abala a população brasileira.

A inflação de 10,6%, em 2015, como reconhece o próprio IBGE, não foi resposta, na grande maioria dos casos, nos vencimentos dos regidos pela CLT e dos funcionários públicos.


Somem-se a esse resultado os índices inflacionários mensais de janeiro a maio deste ano. O aumento do custo de vida verificado em 2015 somente foi reposto para os 29% da mão de obra ativa brasileira que ganham o salário mínimo e para os aposentados e pensionistas do INSS. Neste caso, com base em lei existente. No mais, as perdas salariais se acumularam e continuam se acumulando.

Qualquer reajuste (não aumento) é considerado um absurdo por parte da equipe econômica do governo. Os mesmos personagens veem com naturalidade absoluta a incidência dos juros anuais de 14,25% sobre o montante da dívida pública, que está na escala de 2,9 trilhões de reais, como revela o Banco Central. Uma contradição flagrante. Dois olhares diversos sobre o panorama socioeconômico de nosso país.

Márcia de Chiara revela a divisão da mão de obra ativa (100 milhões de homens e mulheres) por classes de renda. Vamos a elas.

O Brasil tem aproximadamente 57 milhões de famílias. A classe A é formada por 3% da população. A classe B1 por 5%. A B2 pela percentagem de 15. A C1 por 23%. A C2 por 27. Finalmente o grupo relativamente majoritário, classes D/E, faixa na qual se encontram 29% dos brasileiros.

Na classe A estão as famílias (não pessoas, mas o conjunto de 4 pessoas) cuja renda mensal é de 20,9 mil reais. Na B1 as famílias de rendimentos mensais de 9,2 Mil. Em seguida a B2 juntando grupos familiares que percebem 4,8 mil mensais. Depois a classe C1 os que ganham 2,7 mil. Abaixo a C2 com 1 mil e 600 reais. Finalmente os grupos D/E, cujos rendimentos estão contidos na faixa do salário mínimo.

A reportagem de O Estado de São Paulo produziu uma plena transparência da realidade social e salarial brasileira.

Verifica-se que 56% dos grupos familiares têm rendimento de 1 a 2 salários mínimos. Se incluirmos a escala de 1 a 3 SM, observamos que tal grupamento nada menos que 79% dos que trabalham num país chamado Brasil. E que somente 8% têm rendimento que pode ser classificado como classe média. Reitero que se trata de renda média familiar.

Resultado da soma dos salários de 4 pessoas em média. A parcela dos que ganham acima de 9,2 mil reais não chega a 10%. Se alongarmos a faixa de renda, neste caso individual, para englobar aqueles cujos rendimentos passam de 20 salários mínimos, encontraremos apenas 0,8% da população.

É fácil defender congelamento dos salários para assegurar a contenção dos gastos públicos. Difícil é viver com a compressão salarial, uma característica brasileira.

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