Em outubro de 2014, após prevalecer sobre Aécio Neves por uma diferença de pouco mais de 3 milhões de votos, Dilma declarou no discurso da vitória: “Essa presidente está disposta ao diálogo, e esse é meu primeiro compromisso no segundo mandato: o diálogo. […] O calor liberado no fragor da disputa pode e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil.” Era lorota. A energia virou vapor.
Em dezembro de 2014, ao receber no Tribunal Superior Eleitoral o diploma de presidente reeleita, Dilma expandiu-se: “Chegou a hora de firmarmos um grande pacto nacional contra a corrupção, envolvendo todos os setores da sociedade e todas as esferas de governo.” Ela avisou: “Vou convidar todos os Poderes da República e todas as forças vivas da sociedade para elaborarmos, juntos, uma série de medidas e compromissos duradouros.” Era papo furado.
Hoje, Dilma estende a mão para a oposição num dia e chama os rivais de “golpistas” na manhã seguinte. Na área da corrupção, afora um desabafo enviesado —“não confio em delatores”— a maior contribuição de Dilma foi o recente envio ao Congresso de medida provisória que cria as condições para que empresas confessadamente corruptas voltem a firmar contratos com o governo.
Movida por verdades próprias, Dilma sustenta a fábula de que seu governo tem projeto. Entretanto, além da recriação da CPMF, suas únicas prioridades visíveis são: não cair e continuar passando a impressão de que comanda. De resto, notabiliza-se como inventora do diálogo de mão única.
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