segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Quase 2016

Chegou de mansinho. Como quem não quer nada. Assim, sorrateiro, silencioso, discreto. Não há mesmo nada como o tempo para passar. Mas Novembro chega sem novidades. Sem notícias. Apenas repetição de cantilenas e explicações que já deveriam ser apenas parte do passado.

Já com 2016 a nos olhar na cara, parece que nada mudou, nada muda, ou nunca mudará. Esta parece ser uma nação que vive do passado. Ou melhor, dos erros passados. Feita de gente muito competente em reclamar dos problemas. Em justificar sua existência. E em eximir-se da responsabilidade de corrigi-los.


Talvez porque nossas utopias sejam poucas, nossas ambições, pequenas. Faz tempo (se é que um dia isso aconteceu) que a gente não sonha grande. Refiro-me a sonhos, não delírios. Delírios são, por natureza, inatingíveis. Apenas pigmentos da imaginação sem nexo com realidade passada ou futura. Apegar-se a delírio é, na melhor das hipóteses, insano. Na pior, apenas arrogante.

Sonho é aquilo passível de ser atingido. É o objetivo pelo qual vale a pena dedicar a existência, total ou parcialmente. É inevitável perceber que faz tempo que este país não projeta. Não planeja. Não olha para o futuro. Não sonha. Não constrói.

Em pouco menos de 2 meses, o país vai virar mais um ano. Queimar um punhado de fogos. Receber com alegria falsa ou verdadeira, a mudança de ano. Neste momento, será possível olhar para trás e contemplar mais um ano desperdiçado.

2015 tem sido, de fato, tempo do nada. Onde gente capaz de tudo contribuiu com absolutamente nada. Uma nação inteira passou o ano imobilizada. Paralisada por dúvidas sobre suas certezas. Exaustivamente discutindo o inútil. Presenciando o incrível. Tolerando o inaceitável.

Não será um ano que não terminou. Será ano que sequer começou. E que talvez não tenha nem acontecido. Em janeiro último, 2015 poderia ter sido tudo. Em novembro, já dá para perceber que nada foi tudo o que o que 2015 deu.

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