segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Orgulho e teimosia

Nas primeiras cenas do filme Rocky I, chama a atenção a humildade do personagem interpretado por Silvester Stalone, ao confessar para a namorada porque um pugilista fracassado como ele aceitara competir com o campeão do mundo: para aguentar alguns rounds antes de ser fulminado, demonstrando ainda possuir amor próprio. Como se tratava de uma fantasia de Hollywood, o Rocky I quase ganha o primeiro embate e, depois, quando já encena o Rocky 34, não perdeu mais nenhum.

Indaga-se por que a presidente Dilma insiste em continuar no ringue, sendo permanentemente nocauteada pela economia. Por humildade não é, muito pelo contrário. Para demonstrar que poderá virar o jogo e tornar-se campeã pela força de seus punhos, também não, porque essas coisas só acontecem no cinema. Não há recuperação para a incapacidade de seu governo, isto é, a falta de um projeto nacional de vulto, coisa porque todos clamam. Sua renúncia poderia resolver a questão e melhorar o nível do campeonato, mas a humildade revela-se falsa, pois é o orgulho que mantém a presidente de pé. Pouco importa se a assistência protesta por haver pagado caro pelas entradas e estar presenciando um lamentável espetáculo.

Madame também não joga a toalha por teimosia. Por julgar nada dever às arquibancadas nem a seus desesperados treinadores. Parece sustentar que sua missão é de apanhar até o gongo final, importando menos as consequências de seu governo ser posto na lona, junto com ela.

Em suma, orgulho e teimosia geram o impasse atual. PMDB e PT não são os únicos a apresentar alternativas, por sinal conflitantes. Da mesma forma os tucanos e outros partidos sugerem mecanismos capazes de mudar a sorte da luta. Só que a lutadora prefere continuar apanhando, sem mudar de estratégia nem abandonar o tablado...

A semana começa sob a ameaça de mais demissões. Agora será na construção civil e nas obras de infraestrutura antes anunciadas pelos governos Lula e Dilma como a redenção nacional. Até o fim do ano a indústria prevê que mais 100 mil operários perderão o emprego. A primeira iniciativa das empresas em dificuldade é mandar os trabalhadores embora. Não importa quanto tenham faturado nos tempos felizes do lançamento do PAC. Depois das greves que se sucedem em cascata, acontecerá o quê, diante da inoperância do poder público? Sem dúvida, a crise social, porque o desemprego, na realidade, já atinge bem mais do que 10 milhões de assalariados.

Carlos Chagas

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