Na semana passada, quando os parlamentares discutiam sobre o voto aberto ou fechado, um senador declarou da tribuna que o STF estava colocando o Congresso "no banco dos réus", criando a absurda possibilidade de mandar prender a maioria ou a totalidade dos membros das duas casas legislativas, tomando de fato o poder absoluto da República.
O que está acontecendo de maneira cada vez mais visível é que o anjo exterminador que opera entre as crises ainda não passou pela cúpula que vem criando a desconfortável situação em que mergulhamos. Apenas dois tubarões foram apanhados na rede punitiva: José Dirceu e agora Delcídio do Amaral. O resto, embora influente, é praticamente o baixo clero da corrupção.
Os cardeais das três crises instaladas (a quarta, a institucional, dependerá da força militar), embora citados, são a presidente Dilma e seu inventor, agora seu condestável, Luiz Inácio Lula da Silva, ele próprio arrolado entre os suspeitos de ser beneficiário direto ou indireto de algumas tramoias.
O PT, cuja fome de poder continua criando condições cada vez maiores para a corrupção e a falência já detectada pelo sistema financeiro internacional, procura proteção nos planos sociais, que são discutíveis, ao preço de bilhões de dólares que criam e lubrificam a corrupção e a incapacidade.
Carlos Heitor Cony
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