A lógica é que essas crises acabem se fundindo, num big bang institucional, não obstante o empenho do governo em mantê-las separadas. Para tanto, joga as fichas que possui – e não há dúvidas de que ainda as possui – no controle do Judiciário, do Congresso e do Ministério Público. Mas os escândalos superam a capacidade de se ocultá-los. Há mais lixo que tapete para encobri-los.
A semana que se encerra representou um recuo em relação à anterior. O único dado concreto foi a instalação da comissão de ética da Câmara que julgará o deputado Eduardo Cunha. Este continua sentado sobre o pedido de impeachment, sem sinalizar o que fará.
O governo, de um lado, manobra para salvar Cunha; de outro, estimula o PT e seus aliados a atacá-lo. Os petistas “escandalizam-se” com Cunha e suas contas secretas e, simultaneamente, prometem mais uma moção de desagravo ao seu ex-tesoureiro João Vaccari, preso em Curitiba, por participação no escândalo da Petrobras. Comparado a Vaccari, Cunha é um escoteiro-mirim.
No TSE, que definirá as contas da campanha de Dilma - abastecida, segundo denúncias de alguns de seus financiadores, com dinheiro roubado da Petrobras -, seu presidente, ministro Dias Toffoli, decidiu, enfim, a quem entregar a relatoria: à ministra-companheira Maria Theresa, que, alinhada com o Planalto e derrotada por Gilmar Mendes em plenário, se opunha à investigação.
O normal é que Toffoli a entregasse ao ministro Gilmar Mendes, responsável pelo vitorioso pedido ao Ministério Público de abertura de investigações. Mas normalidade tem sido matéria escassa nestes dias. Dilma não queria Gilmar – e Toffoli (e Maria Theresa) não tem o hábito de contrariá-la.
Numa operação policial que corre paralela à Lava Jato, a operação Zelotes, que investiga casos de mega sonegação fiscal na Receita Federal – e que põe sob suspeita um dos filhos de Lula, Luis Cláudio, e alguns personagens do Petrolão -, deu-se outro recuo.
A juíza que cuidava do caso, Célia Regina Bernardes, da 10ª Vara Federal – e que teve a audácia de mandar apreender material no escritório do filho de Lula -, foi afastada do caso. Ao juiz Vallisney Souza Oliveira, que estava no STJ, foi entregue a missão. Vallisney tem em seu currículo o arquivamento de processo contra a ex-ministra Erenice Guerra.
A sensação de blindagem geral estabeleceu-se. E o que se constata é que, se o governo fracassa na economia e não domina a Lava Jato, ao menos se sai bem no manejo com os outros dois poderes, Legislativo e Judiciário.
Onde tudo isso vai dar? Um governo sem opinião pública – ou por outra, com uma opinião pública maciçamente contra si -, desmoralizado pela corrupção e sem qualquer projeto para deter a crise econômica, é bem sucedido em cuidar da própria sobrevivência. Para quê? - é o que se pergunta.
O ano está próximo do fim e não há sinais de qualquer desfecho para a crise política – e isso a estica e agrava. A oposição parece acomodada ao processo. Mais uma vez, aposta na decomposição espontânea do governo, como o fez, sem êxito, ao tempo do Mensalão.
Diante do imenso arco de evidências de que o governo cometeu variados crimes de responsabilidade – além das pedaladas fiscais, há o financiamento espúrio da campanha, a roubalheira na Petrobras, os escândalos investigados pela Zelotes, os fundos de pensão espoliados -, há ainda quem pondere que não há motivos para o impeachment.
E, não obstante a responsabilidade direta que a presidente Dilma tem em relação a cada um desses crimes – afinal, é a presidente -, há quem, como Fernando Henrique, faça questão de ressaltar sua probidade pessoal. Baseado em quê?
O nó institucional está dado – e ninguém parece disposto a desatá-lo. É improvável que haja precedente semelhante: povo de um lado, governo de outro. E a ausência de lideranças, dispostas a vocalizar o inconformismo das ruas, cava abismo cada vez mais fundo entre ambos.
A crise econômica, com seu cortejo de mazelas sociais, no fim das contas, dará o desfecho. Mas quando?
A juíza que cuidava do caso, Célia Regina Bernardes, da 10ª Vara Federal – e que teve a audácia de mandar apreender material no escritório do filho de Lula -, foi afastada do caso. Ao juiz Vallisney Souza Oliveira, que estava no STJ, foi entregue a missão. Vallisney tem em seu currículo o arquivamento de processo contra a ex-ministra Erenice Guerra.
A sensação de blindagem geral estabeleceu-se. E o que se constata é que, se o governo fracassa na economia e não domina a Lava Jato, ao menos se sai bem no manejo com os outros dois poderes, Legislativo e Judiciário.
Onde tudo isso vai dar? Um governo sem opinião pública – ou por outra, com uma opinião pública maciçamente contra si -, desmoralizado pela corrupção e sem qualquer projeto para deter a crise econômica, é bem sucedido em cuidar da própria sobrevivência. Para quê? - é o que se pergunta.
O ano está próximo do fim e não há sinais de qualquer desfecho para a crise política – e isso a estica e agrava. A oposição parece acomodada ao processo. Mais uma vez, aposta na decomposição espontânea do governo, como o fez, sem êxito, ao tempo do Mensalão.
Diante do imenso arco de evidências de que o governo cometeu variados crimes de responsabilidade – além das pedaladas fiscais, há o financiamento espúrio da campanha, a roubalheira na Petrobras, os escândalos investigados pela Zelotes, os fundos de pensão espoliados -, há ainda quem pondere que não há motivos para o impeachment.
E, não obstante a responsabilidade direta que a presidente Dilma tem em relação a cada um desses crimes – afinal, é a presidente -, há quem, como Fernando Henrique, faça questão de ressaltar sua probidade pessoal. Baseado em quê?
O nó institucional está dado – e ninguém parece disposto a desatá-lo. É improvável que haja precedente semelhante: povo de um lado, governo de outro. E a ausência de lideranças, dispostas a vocalizar o inconformismo das ruas, cava abismo cada vez mais fundo entre ambos.
A crise econômica, com seu cortejo de mazelas sociais, no fim das contas, dará o desfecho. Mas quando?
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