Ainda que por pouco tempo, como se prevê e desejam, ele pode remontar um cenário indesejado pelo PT, que é a inclusão na agenda da Câmara do processo de impeachment da presidente. É quase o clamor das ruas, motivado pelo desemprego, pela inflação, pela notória redução da atividade econômica e o agravamento desse conjunto de tropeços. A desidratação do poder político do Palácio do Planalto retira da presidente ferramentas importantes com cujo auxílio poderia resistir ao turbilhão de dificuldades que sua equipe econômica e seus ainda parceiros políticos tentam ajudá-la a contornar. Em suma, os estoques de resistência e de reação estão no nível morto. Salva a presidente, ainda, a estabilidade institucional que lhe dá a Constituição e que marca o impeachment como uma afronta a lei.
As ruas acusam o governo de ser incompetente, incapaz de produzir soluções, de não oferecer alternativas para a recessão que se alastra e nos pune, mas também não geram, com os protestos que empreendem, agendas transformadoras. Fora Dilma para milhares. Fica Dilma para outros milhares, em menor dimensão, mas fora o ajuste fiscal. Mais escolas, mais saúde, mais segurança, mais mobilidade, mas menos impostos, menos tarifas, menos juros, menos inflação. A conta não fecha. De tanto prometer e não entregar, de tanto propor e não realizar, o governo está no cume do desgaste possível. E infelizmente não sinaliza com melhoras. E quando sinaliza, não convence.
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