Primeiro, é um alívio ver que a presidentA encontra, entre tantos ministros e políticos da base “aliada”, algo elogiável.
Aqui entre nós, nunca tantos deveram tanto à mandioca. A batata também nasceu entre os índios daqui mas, levada para a Europa, voltou com o nome de batata-inglesa e pode ser comida frita, assada e cozida. Já a mandioca, ah, a mandioca também e muito mais: como farinha, faz a base da merenda nordestina, transforma-se em coxinha, é indispensável na feijoada e convive com o arroz-feijão cotidiano dos brasileiros de Norte a Sul.
Quem nunca comeu vaca-atolada não sabe o que é combinação perfeita entre a mais dura das carnes, a costela, cozida ao ponto de quase desmanchar, e a mais cremosa das raízes.
Vó Tiana cozinhava mandioca no meio da tarde, botava fumegante no prato, despejava melaço por cima e ficava vento o neto se lambuzar. Depois ia para o quintal com uma faquinha, cortava pontas das ramas das aboboreiras, fazia sopa de mandioca com cambuquira e pescoço e sambiquira de galinha. Podem me prender, me bater e me torturar, PresidentA, mas continuarei a dizer que é a sopa mais gostosa do mundo.
Nonna Paulina fritava mandioca até ficar dourada e crocante, o neto comia com arroz-feijão dispensando tudo mais.
E purê de mandioca então? É só amassar com o garfo na panela, misturar leite e queijo ralado, pronto, o purê de batata perde feio.
E existe café da tarde mais brasileiro e gostoso que com bolo de mandioca?
PresidentA, se pouco haverá para imortalizar teu mandato, com certeza teu elogio à mandioca é digno de uma femina-sapiens (permita-me a correção, presidentA, mas “mulher-sapiens”, como a senhora falou, não é correto pois mistura Português com Latim, como tantas misturas do seu governo: economia com política, dinheiro público com privado, administração com desorganização, assistência social com eleição etceteretal).
Se vier a Londrina, venha comer bolo de mandioca aqui na chácara, com café de coador e passarinhos no quintal. E, se um dia criarem uma Comenda da Mandioca, que a senhora seja a primeira a ser homenageada. Como disso o poeta, de tudo fica um pouco e, se de teu governo ficar o elogio da mandioca, já será muito.
Domingos Pellegrini
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