sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Estado de exceção

Por mais de uma vez chamei a atenção de uma prática utilizada por alguns políticos e governos que é a de VITIMIZAÇÃO.

Ao invés de assumirem seus erros e corrigirem o rumo, muitos políticos e governantes tentam transferir aos outros suas culpas e erros, quando não “furtam” (para não usar outro termo), frases, pensamentos e ideias vencedoras sem dar definitivamente o crédito a quem de direito.


Não é novidade nem tampouco surpreende a atitude que o PT, o Partido dos Trabalhadores, está tendo em relação às denúncias de corrupção que envolvem não só alguns de seus militantes como também o próprio partido.

Nessa terça-feira a Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores definiu nova resolução política da legenda, ignorando a nova prisão do ex-ministro José Dirceu (que é ex-presidente do partido).

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No documento, o PT convoca uma “Jornada em Defesa da Democracia, dos Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras e das Conquistas do Nosso Povo”.

“O PT exorta todos os seus militantes a construírem uma trincheira de luta pela democracia, pelos direitos dos trabalhadores/as, pelos direitos humanos, em defesa da Petrobras e do povo brasileiro. Que ninguém se cale! Levantemo-nos juntos!”, diz o texto.

A certa altura a nota diz: “É um estado de exceção sendo gestado em afronta à Constituição e à democracia. Precisamos nos contrapor às ameaças de criminalizar o PT para destruí-lo”.

Mais uma vez o partido volta a criticar a escalada conservadora da oposição, da mídia monopolizada e de agentes públicos (PF, MPF, Justiça Federal, etc...).

No entendimento da cúpula partidária, essas ações têm o objetivo de enfraquecer o governo da presidente Dilma Rousseff, criminalizar o PT e atingir a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Vale lembrar que um partido político não é ladrão ou corrupto por si só. São seus militantes, “as pessoas” que o são. O problema é a tolerância e até mesmo incentivo à essa prática nefasta que faz com que “as pessoas de bem” cada vez mais se enojem da classe política e dos partidos.

Assim, entendo que o PT não é corrupto por si só, como também não o são o PMDB, o PP e osdemais partidos.

Digo isso porque ainda acredito que a democracia, mesmo com muitas falhas, é 
o melhor regime (ou menos pior) que qualquer outro.

Fico estarrecido quando alguns membros do Partido dos Trabalhadores atribuem “a terceiros” o que acontece de ruim em nosso país, em especial à corrupção desenfreada, que alegam não ser de sua criação.

Aliás, sempre que alguém fala em corrupção, líderes petistas tentam “repassar” à FHC a conta, se isentando de maiores responsabilidades. Daqui a pouco vamos ter de investigar Dom Pedro II e, porque não, até mesmo Pedro Alvares Cabral.

Ora, como já comentei em outra oportunidade, a grande vilã é “A IMPUNIDADE, MÃE DA CORRUPÇÃO”.

Em qualquer país decente do mundo, caberia aos dirigentes partidários o incentivo a uma ampla e geral investigação para “depurar” e “livrar” o partido e a nação de tais práticas nefastas, inaceitáveis em um regime realmente democrático.

Mas isso é querer demais dos políticos brasileiros, em especial aos petistas que se usam de todos os “mecanismos de negação” para se livrarem de qualquer culpa.

Se no passado a PF e o Ministério Público “eram” instituições sérias ao investigar “outros governos e partidos”, hoje fazem parte de uma conspiração golpista para desacreditar o Partido dos Trabalhadores.

Minha decepção como brasileiro não se reduz aos dirigentes do PT, mas com grande parte da classe política também envolvida nesses escândalos sem fim.
Mas vamos em frente...

Nos anos 80 do século passado, Jô Soares criou um personagem chamado “o General”.

Ele, o General, era amigo do então presidente João Figueiredo. O General sofrera um acidente no dia da posse de Figueiredo e passara seis anos em coma. Ao despertar, ainda enfraquecido e ligado a tubos e sondas, descobria que o Brasil havia mudado e que seu amigo não ocupava mais a presidência; pior, quem ocupava o cargo agora era José Sarney, um civil.

O General quase ia à loucura, pedia: “Me tira o tubo! Me tira o tubo!”.

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