Quando mentimos para o governo, é um crime. Quando o governo nos mente... é constitucional?
Harvey GilmoreA presidente Dilma, que alguns ainda defendem como “a proba”, fez todo o circuito da improbidade. Partilhou seu governo entre pessoas cuja reputação não deixava dúvida sobre a que vinham. Fez da mentira estratégia a ser cumprida rigorosamente. Nunca tivemos o país sob uma chefia tão dedicada à refinada arte de mentir. Ela continua mentindo, contra todas as evidências, em cadeia nacional. Mentiu sobre o próprio passado, mente sobre o presente e, agora, mente sobre o futuro. No circuito da improbidade não teve o menor constrangimento em causar dano irreparável à Petrobras e ao setor elétrico para desfilar ante as câmaras dos seus publicitários como a presidente que barateou o custo de vida e conteve a inflação. Mente quando atribui a desgraceira em que jogou a economia nacional a uma circunstância externa (a culpa é sempre dos outros), ou seja, a uma suposta crise internacional que só ela e seus diletos parceiros da Argentina, Venezuela e Cuba experimentam. Mentiu sempre, sem o menor constrangimento para assassinar a reputação de seus adversários imputando-lhes a intenção de adotar medidas impopulares que ela mesma está pondo em prática.
Os governos petistas são exemplo clássico, para constar em livros didáticos, de governos ímprobos. É patético o esforço da mídia amiga em defender a pessoa da presidente. Sustentam a sacralidade de um mandato que ela mesma não respeita. Não o respeita quando mente e quando anuncia que a gente faz o diabo em época de eleição. Se ela não o respeita, por que o respeitaríamos nós?
A estas alturas do segundo mandato, obtido nas trevas de uma inédita apuração secreta de votos (secreto é o voto, jamais sua apuração) nem mesmo os companheiros da presidente, nem mesmo os partidos da base, conseguem arregimentar forças em seu benefício. As extensões petistas nos ditos movimentos sociais perderam prumo e rumo. Já sabem em quem não confiam. Quando os institutos de pesquisa procuram conhecer os motivos do precipício pelo qual despencou o prestígio pessoal e a aprovação do governo Dilma ali estão, bem nítidas, as marcas da perda de credibilidade. Somos prisioneiros desse governo? Cativos por determinação constitucional? Quatro anos disso é pena superior à efetivamente cumprida por todos os políticos réus do mensalão.
Percival Puggina
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